Dia Internacional de Jerusalém

Qui, 30/09/2010 - 12:01
Jerusalém é uma cidade milenar situada na Região da Palestina. Sua história data de períodos anteriores a quatro séculos do nascimento de Jesus. Sua importância religiosa e espiritual faz dela sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, pois também abriga os mais importantes templos das três religiões.

Esta convivência pacífica entre crentes das três grandes religiões monoteístas fez da cidade, por muito tempo, exemplo e símbolo da tolerância religiosa baseada no respeito mútuo.
 
Jerusalém Contemporânea – A Mancha Pós-Segunda Guerra

Com o término da Segunda Guerra Mundial, as ‘potências’ vitoriosas colocaram em prática seus planos de partilha e dominação do mundo. Utilizando-se de diversos instrumentos, meios, caras, cores e formas, desde os mais rígidos golpes militares perpetrados por seus agentes secretos, passando por criminalização dos movimentos populares e seus lideres,  através do bombardeio midiático, e ainda invasões militares a outros países, inclusive cometendo genocídios.

Dentre todas suas formas, uma peculiar: a criação de um Estado, aliado incondicional, no Oriente Médio.

Criação de um Estado? Pois é, assim se procedeu:

1 – Local escolhido: Palestina. Uma região estrategicamente localizada entre o Norte da África, Sudoeste da Ásia, Leste Europeu e com saída para o Mar Mediterrâneo.

2 – Forma escolhida: expulsão e expropriação da população local combinadas com uma aprovação de cartas marcadas na ONU. Assim se buscava a ‘legitimidade’ internacional enquanto se iniciava o processo de expulsão sistemática da população palestina, seguida de mortes, barbáries, destruições e assassinatos, o que chamamos de limpeza étnica por meio da disseminação do terror.

3- Justificativa: se estabeleceria um lar para os judeus, os quais foram vítimas do nazismo. Uma sutil observação: lembrando que havia muitos judeus na época convivendo pacificamente com muçulmanos e cristãos palestinos na região, sempre nas condições de irmandade histórica que prevalecia, então por que o uso agora indiscriminado da força e da violência contra a população civil palestina? Por que tantas mortes e expulsões? Por que os palestinos teriam que pagar pelo crime dos nazistas? Por que tornar a Cidade Sagrada de Jesus em um palco de guerra e de sangue?

4- Nome escolhido: Israel. Com a finalidade de camuflar a barbárie, tenta-se confundir e difundir a idéia de que Israel (o ‘Estado’) teria uma relação com o povo de Israel citado na Bíblia. Tenta-se, desta maneira e do mesmo modo, retratar falsamente o ‘Estado Sionista de Israel’ como um Estado Judaico, na tentativa de esconder suas barbáries sob a máscara da religião.

Porém é óbvia a diferença entre o Judaísmo, que consiste numa nobre religião que nada tem a ver com as práticas de tal ‘Estado’, e o Sionismo, que consiste na ideologia política que fundamenta tal ‘Estado’ e prega a superioridade racial e a utilização de todos os meios para atingir seus objetivos.

Desta infeliz forma, a religião, a espiritualidade, a liberdade e a tolerância características do lugar, passam a ser sufocados pelos interesses das grandes potências através da política de seu Estado Fantoche, o ‘Estado de Israel’.

Jerusalém – E a opressão pela ótica das religiões

Todas as religiões monoteístas em questão condenam e rejeitam todo tipo de opressão e injustiça. Portanto aquele que comete injustiça ou opressão e se diz religioso, se contradiz e distorce o significado e os objetivos da religião.

Referente ao Judaísmo encontra-se no quinto mandamento: - Não matarás! Está aí um sinal claro da opinião da religião judaica a respeito da matança por seus seguidores. Uma proibição transparente e objetiva que nos permite concluir com tamanha certeza que, de acordo com o pensamento judaico, quem incorre em tais práticas não é um seguidor da palavra de Deus.
No ensinamento cristão os exemplos são inúmeros, porém torna-se suficiente o simples conhecimento que temos do caráter de Jesus, conhecido como o profeta do amor, da compaixão e da piedade.

No Islã ocorre o mesmo. Tolerância, respeito e aceitação do próximo ficam evidentes em inúmeros versículos do Alcorão. Como no capítulo 49 versículo 13: “Não existe imposição quanto à religião”.  E a oposição à opressão fica claro, por exemplo, no dito do Profeta Mohammad: “Aquele que andou com um tirano e colaborou com ele, sabendo que ele é um opressor, notoriamente, se afastou da religião”.

O Dia Internacional de Jerusalém

Neste contexto, pós-Segunda Guerra, de partilha do mundo, inicia-se também movimentos de libertação populares. Levantes de estudantes, trabalhadores, intelectuais, campesinos e demais começam a tomar conta nos países em que a ditadura existe. Movimentos de resistência se iniciam em países que sofrem invasões e imposições de guerras.

Dia Internacional de Jerusalém. Sob tal realidade geopolítica é que em 1979 triunfa a Revolução Islâmica no Irã, uma revolução popular contra a monarquia ditatorial vigente, submissa às potências e governada pelo monarca Xá Reza Pahlevi. Este evento é de extrema importância para compreendermos o

Logo da revolução, um referendo aprova a nova Constituição e o Irã passa ser a República Islâmica do Irã, com eleições periódicas a presidente e ao parlamento. O grande líder da revolução, o Ayatollah Khomeini, permanece como líder supremo e guardião dos princípios e ideais da Revolução Islâmica.

Khomeini sabia da importância e da influência que a Revolução no país persa - de mais de 60 milhões de habitantes - teria no cenário internacional. Assim como sabia que fundamental seria preservar os princípios da justiça que permeiam o Islã e que estiveram presentes em todo o processo revolucionário.

Ciente também do sofrimento dos palestinos na Terra Santa, Khomeini declara O Dia Internacional de Jerusalém, na última sexta-feira do Sagrado mês do Ramadan. Pois considerava a causa palestina uma questão internacional e o sofrimento de seu povo, símbolo da opressão de todos os povos. Assim como considerava o desrespeito à Jerusalém Histórica um golpe baixo contra a tolerância religiosa.

Neste ano o Dia Internacional de Jerusalém ocorreu no dia 3 de Setembro. Neste dia, manifestações pacíficas ocorreram em vários países do mundo e a crescente adesão faz com que o Dia Internacional de Jerusalém se estabeleça como uma data oficial de apoio à libertação da cidade sagrada e seu povo.

Nós, como humanistas, religiosos ou não, temos o dever de sermos solidários à causa Palestina. Assim, manteremos acesa a chama da esperança de termos novamente um dia o renascimento da Jerusalém Histórica, a Jerusalém da tolerância e do respeito mútuo, na predominância da mais ampla paz.