Aula-show de música árabe é aplaudida de pé por público da Mostra

Qua, 19/08/2015 - 14:46
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O público que assistiu ao filme “Maqams, melodias de Alepo” na noite da última terça-feira (18), na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, foi brindado com uma aula-show sobre a música clássica oriental, com a bailarina e professora de danças árabes, Marcia Dib, e os músicos Claudio Kairouz, do Brasil, e Raouf Jemni, da Tunísia. A tarab é o tema da película exibida na sessão, que conta a história do Sheik Sabri Mudallal, mestre na cidade de Alepo, no norte da Síria.

“A música ocidental é tonal, alterna entre tensões e relaxamentos, criando uma sequência, uma busca constante. Já a música árabe é modal, trabalha outra linguagem sonora”, explica Marcia, que é Mestre em Cultura Árabe e autora do livro "Música Árabe: expressividade e sutileza", “Na música árabe não existe essa busca: você já está em um ambiente sonoro, onde as notas brincam ao redor de uma nota principal, como borboletas em volta de uma flor. Tem que mergulhar dentro dela, estar dentro dela para saborear sua beleza e seus benefícios”.

Estes ensinamentos foram acompanhados pelo som dos músicos Cláudio e Raouf, que formam o Duo 156 Cordas. Eles foram aplaudidos de pé diversas vezes pelo público, principalmente ao surpreender a plateia ao tocar Asa Branca, celebrando a parceria entre as culturas brasileira e árabe.

“O Qanun começa a ser citado na literatura árabe do século X”, explicou Kairouz sobre o instrumento utilizado por eles, de 78 cordas. “Segundo o que mais encontramos de informações, ele teria sido criado pelo filósofo Al-Farabi. Imagine como se fosse a parte interna de um piano, o bisavô de um piano. Se abrir a parte interna do piano, por dentro, ele tem esse mesmo formato. A única diferença é que na música ocidental nós temos tons e semitons. Na música oriental, a menor divisão é um quarto de tom e há ainda divisões menores do que o quarto de tom. Aquelas coisas que você escuta e pode soar como um desafino são notas que fazem parte dessa escala (oriental)”, ensinou.

O músico também falou sobre o improviso na tarab. “É feita uma frase musical, depois é dado um silêncio para se assimilar. Não tem como se ensinar a improvisar, a sentir a escala, é natural.”

Para o jovem tunisiano Raouf, participar de um festival desse porte é uma experiência única. “Principalmente por ter a oportunidade de mostrar no Brasil a cultura do Oriente Médio, e ao mesmo tempo poder fazer a junção das duas culturas através da música.”

O professor de história Rodrigo Oliveira, que compareceu à biblioteca para a aula-show, aprovou a experiência. “Esses eventos são muito importantes para a formação cultural dos cidadãos. É muito bom ter esse tipo de atividade”, disse.

O cineasta e escritor Gabriel Bonduki, membro da Diretoria do ICArabe, que acompanha a Mostra desde a sua primeira edição, comentou sobre a escolha do local para o evento. “A Biblioteca Mário de Andrade é um lugar histórico, importante para a vida cultural da cidade”.

Para ver mais imagens da aula-show, acesse a página da Mostra no Facebook

Confira a programação completa da Mostra: http://www.mundoarabe2015.icarabe.org/informacoes

Saiba mais sobre o Duo 156 cordas: https://www.facebook.com/duo156strings?pnref=story