No Cine Olido, último debate da 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema reflete sobre filmes e o impacto de suas temáticas

Sex, 11/09/2015 - 17:00
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O jornalista, documentarista e Diretor de Comunicação do ICArabe, Arturo Hartmann, conversou na última quinta-feira (10) com o público da 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema no Cine Olindo. O último bate-papo da Mostra ocorreu após a exibição dos filmes “Área Livre”, “Muros”, “Um menino, um muro e um burro” e “A Pedra de Salomão”. Hartmann, que dirigiu o documentário “Sobre Futebol e Barreiras”, comentou sobre alguns dos filmes integrantes da programação deste ano.

“’O Sotto Voce’, através de uma forma delicada, é um tapa na cara contemporâneo à política árabe, inclusive ao que se exaltou em um momento: o que veio depois da libertação e da revolução da Argélia”, falou o jornalista, sobre o filme que aborda o drama de um grupo de argelinos que tenta fugir para o Marrocos, por um campo minado, em meio à Guerra da Argélia e o movimento de revolução comunista contra o governo. O filme é de 2013 e foi apresentado no Brasil pela primeira vez durante esta edição da Mostra.

Hartmann também comentou sobre “Água Prateada, um autorretrato da Síria”, documentário que mostra imagens da guerra civil do país. “Talvez (seja) um dos filmes mais pesados que nós tenhamos trazido de todas as mostras. A situação da Síria é tão complexa, tão forte. Mas talvez seja o único filme possível hoje de se fazer sobre a Síria”, refletiu. “Nós temos mais de 2 mil refugiados vindo (para o Brasil), é um deslocamento brutal. Talvez a gente ainda não tenha a noção do quão transformador isso pode ser para a geopolítica. Esse horror que chega até nós deve servir de alerta de que essas fronteiras acabaram. Fronteira foi uma questão que trabalhamos muito nessa Mostra”, ressaltou.

A ideia de “Estado-Nação” foi um dos temas do Mundo Árabe discutidos com o público. Hartmann compartilhou resposta que ouviu de um refugiado palestino dado a brasileiros que lhe perguntaram que solução que esperava para a questão palestina, presumindo a divisão do território e a formação de um país. “Você nasceu em um lugar onde não se discute outro processo, mas eu sou obrigado a discutir outra alternativa, porque nem Estado eu tenho. Eu vivo sob o governo de outro, não sou cidadão, vivo em um regime militar e todas as consequência de uma ocupação”, disse o refugiado, conforme o testemunho.

O historiador Ricardo Gavilanes, 70, um dos espectadores do debate, elogiou o festival ao site do ICArabe e afirmou que ficou surpreso com a sua organização. Para ele, o público brasileiro não está acostumado a entrar em contato com as questões abordadas na Mostra, daí sua importância. “O brasileiro sempre foi um povo que viveu meio que ilhado culturalmente do resto do mundo. Parece piada, mas ser brasileiro já basta e não precisa se preocupar com o resto do mundo”, criticou. “Os norte-americanos têm essa característica também. O Brasil ficou isolado por muitas décadas, agora que está esta coisa da latinidade. Na verdade, somos tão ibéricos quanto nossos vizinhos.”

Festa de encerramento

A 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema irá ser encerrada neste sábado (12), com festa no Jongo Reverendo. 

A festa “Mironga convida Mawaca”, com discotecagem de Leandro Pardí(Pardieiro) e Pedro Cerqueira e começará às 23h. 

Mais informações sobre o evento no Facebook: http://www.icarabe.org/noticias/10a-mostra-mundo-arabe-de-cinema-festa-de-encerramento-acontece


Serviço da festa:

“Mironga convida Mawaca”

Quando: sábado, 12 de setembro, às 23h

Faixa etária: 18 anos

Onde: Jongo Reverendo - Rua Inácio Pereira da Rocha, 170 - Vila Madalena

Quanto: R$15 - lista@jongoreverendo.com.br e R$ 25 reais na porta

Cartões – todos, exceto elo

Estacionamento Trevo ao lado da casa