Diwan leva público à dança no CCSP

Qua, 13/04/2011 - 19:46

Música, dança e poesia árabes coloriram e empolgaram cerca de 100 pessoas na Praça das Bibliotecas do Centro Cultural São Paulo (CCSP), na noite de 7 de abril, durante a apresentação de um Diwan, promovido pelo ICArabe na capital paulista. A atividade inaugurou o programa "Poesia dos quatro cantos” da casa, dedicado à divulgação da poesia internacional, sob direção do poeta Claudio Daniel.

Diwan é um projeto do ICArabe que busca recuperar uma tradição poética e performática, criada e cultivada pelos árabes desde tempos anteriores ao islã, quando tinha a função vital de preservar a língua, guardar saberes e tradições, transmitir a história e fortalecer a identidade coletiva das tribos e clãs.

Essa edição foi dedicada à luta dos povos árabes que recentemente derrubaram ditaduras no Egito e Tunísia e por isso contou com poemas de autores do norte da África e Levante.

As vozes doces de Michel Sleiman, poeta e presidente do ICArabe, e de Cláudio Daniel, deram início à declamação das poesias com “Andorinha”, de autoria do primeiro. Michel recitou ainda “Dormi num leito de rochas durante três séculos”, de Amina Said (Tunísia); “Seja uma corda para minha guitarra, água”, de Mahmoud Darwish (Palestina); “A bailarina das tochas”, de Rejeb ben Sahli (tradição beduína) e “Nunca é tarde”, de Youssef Rzouga (Tunísia).

Leandra Yunis, com sua interpretação singular, deu vida e força aos poemas “O futuro testamento”, de Amal Dunqul (Egito); “A bailarina apunhalada”, de Nazik al Malaika (Iraque) e “O retorno de Lilith”, de Joumana Haddad (Líbano).

As declamações foram intercaladas por intervenções musicais feitas por Jihad Smaili, Maurício Mouzayek, Ely Mouzayek, William Bordokan e Bruno Mansini.  A bailarina Fádua Chuffi acompanhou, com maestria, beleza e técnica impressionante, o som produzido pelos instrumentos, marcando com movimentos de quadril cada batida do daff (espécie de pandeiro) e do derbake (espécie de tambor).

Mas o clímax do evento ocorreu ao final, quando Kamis Araman, em traje típico, começou a dançar o alegre e energético dabke (dança tradicional árabe). Exibindo variadas formas de bater os pés no chão e saltar, ele convidou todo o público ao centro do espaço, formando uma grande roda na qual as pessoas, de mãos dadas, puderam vivenciar e dividir a alegria, a riqueza e a receptividade da cultura árabe. 

 

A tradição de uma arte

A tradição do Diwan difundiu-se durante a expansão islâmica, como uma arte elevada que marcava a supremacia cultural árabe, cultivada e apreciada, sobretudo nas festas das cortes, em que os recitais de poesia eram acompanhados, na maioria das vezes, por música e dança.


O Diwan conta com poemas de intercalados por músicas e danças tradicionais como baladi (dança oriental egípcia), saaidi (dança do bastão), solo de percussão oriental e dabke. 

 

FICHA TÉCNICA:

CURADORIA e DECLAMAÇÃO– Michel Sleiman
DIREÇÃO ARTÍSTICA: Leandra Yunis
INTERPRETAÇÃO COREOGRÁFICA: Fádua Chuffi
DIREÇÃO MUSICAL E INTERPRETAÇÃO: Jihad Smaili
PERCUSSÃO: Maurício Mouzayek, Ely Mouzayek e Bruno Mansini
INSTRUMENTOS DE SOPRO: William Bordokan
DABKE (Dança tradicional árabe): Kamis Araman

Informações sobre os participantes

Michel Sleiman é presidente do ICArabe e professor doutor de Língua e Literatura Árabe da Universidade de São Paulo. Participou de livros coletivos de poemas. Tem dois livros de crítica e tradução da poesia árabe-andalusina: A Poesia Árabe-Andaluza (Coleção Signos, da Perspectiva, 2000) e A Arte do Zajal (Coleção Estudos Árabes, da Ateliê, 2007). Dirige a Revista Tiraz de Estudos Árabes e das Culturas do Oriente Médio e preside o Instituto da Cultura Árabe, em São Paulo.

Leandra Yunis é descendente de árabes e ciganos calom, historiadora e professora de danças orientais há mais de 10 anos. Desenvolveu uma linguagem autoral e contemporânea de interpretação das danças de origem árabe, persa e cigana, fundamentada pelas tradições poéticas e literárias de suas respectivas culturas. Colaboradora do núcleo de poesia e dança do Instituto da Cultura Árabe de São Paulo, participou e produziu diversos espetáculos de dança e poesia, entre eles os DIWANS II, III, IV e V. Desenvolve pesquisa de mestrado sobre a relação entre poesia e dança nas Letras Orientais da USP, e dirige o projeto de pesquisa de interculturalidade em danças orientais EntreVentres:  www.entreventres.blogspot.com

Jihad Smaili descende de uma linhagem de músicos tradicionais árabes e possui uma sólida trajetória de espetáculos e eventos com bailarinas e músicos renomados mundialmente. Com uma longa experiência musical no Líbano e Egito, retornou ao Brasil em 2001, onde promoveu o resgate das tradicionais rodas de dabke, tradição popular típica do Oriente Médio. Desde então, desenvolve trabalho artístico próprio que, além da valorização e resgate das tradições árabes, busca estabelecer um diálogo musical entre as culturas orientais e ocidentais. Sua proposta inovadora e ao mesmo tempo enraizada na rica tradição oriental, valoriza o trabalho com músicos de origem árabe com instrumentos típicos.Seu grupo é formado por:

William Bordokan é musico multi-instrumentista. De uma família de músicos de origem libanesa, compõe um dos mais renomados grupos de música clássica oriental do país, o Grupo Sami Bordokan, onde apresentam desde composições próprias até interpretações da música medieval e de câmara oriental, presentes no CD lançado pelo grupo, “A corda da Alma”. Já se apresentou no Sesc Vila Mariana (Festival Mundial ), Sesc Pompéia; Sesc Consolação (“Oriente Próximo” e “Sem Fronteiras”); na Bienal Internacional de Música em Belém(PA); na II Mostra da Cultura árabe-islamica em Campinas; no evento “São Paulo de Todo o Mundo “ no Centro Cultural Banco do Brasil, entre outros. À convite do maestro Carlinhos Antunes integrou a “Orquestra Mundana” ao lado de artistas internacionais, que também resultou em um CD publicado pelo selo SESC e já no inicio deste ano participou do evento de abertura da nova programação da Biblioteca Mário de Andrade “São Paulo: seus povos e suas músicas”, com peças tradicionais e improvisações musicais árabes sobre a interpretação da Cantiga de Santa Maria, executada por Anna Maria Kieffer, e a encenação do Grupo Trivolim da cavalhada, tradição que recupera, em música e dança, as guerras entre mouros e cristãos, mostrando a influência cultural árabe na península ibérica e no Brasil colonial. www.samibordokan.com.br

Ely Mouzayek percussionista profissional de origem síria, integrante do Conjunto Mouzayek, um dos pioneiros da música árabe no Brasil. O grupo já lançou vários CDs da coleção “Belly Dance Oriente” - atualmente no volume 41 – com mais de 500 mil CDs vendidos. Em virtude de seu sucesso no Brasil, o grupo ficou conhecido internacionalmente, fazendo shows no exterior como em: Nova Iorque, Los Angeles, Egito, Buenos Aires, Uruguai, Panamá, Costa do Marfim, Venezuela, Paraguai entre outros lugares.Maurício Mouzayek é um dos mais requisitados percussionistas árabes nos eventos de dança do ventre e show de música árabe no Brasil e no exterior, com músicos e bailarinas de todo mundo. Sua especialidade é o daff (pandeiro árabe). Além de integrar o Conjunto Mouzayek, é artista convidado no Grupo Sami Bordokan, na banda liderada por Jihad Smaili e em praticamente todos os principais eventos da cultura árabe, transitando do tradicional ao clássico com desenvoltura. No Brasil tem-se apresentado em todos os shows de artistas internacionais, como Amal Murkus, Hossam Ramzi, etc, e participou recentemente da programação no Museu da Casa Brasileira, no show Arabesque, sob a direção musical do multi-instrumentista Mario Afonso III (Mawaca, Trio Lume). Em 2002, esteve em Boston, tocando com um dos maiores expoentes da música oriental, o multi-instrumentista Omar Faruk www.tonymouzayek.com.br)

Bruno Mansini é baterista profissional e participa como convidado em trabalhos experimentais com músicos árabes. Estuda percussão desde o 4 anos de idade. Teve contato com variados mestres, com os quais também aprimorou seus estudos de percussão sinfônica e percussão popular. Cursou bacharelado em composição musical, e desde a faculdade percebeu o enorme fascínio que sentia pela arte dos povos orientais, quando iniciou seus estudos de música clássica indiana. Especializou-se em “ritmologia oriental”, e atualmente além de conhecer sobre a música que é feita pelos variados povos do oriente, tem atuado como instrumentista nos mais variados grupos de música oriental do Brasil.

Fadua Chuffi é bailarina profissional, com formação em ballet clássico, flamenco e árabe, tendo estudado com os principais mestres dessas modalidades na Espanha.  Possui uma sólida trajetória de destaque no Brasil e no mundo: Estados Unidos, Espanha, Portugal, Bélgica, Chile, Argentina, Colômbia, Líbano, Emirados Árabes. Entre seus destaques internacionais estão o espetáculo A NOITE DO MEDITERRÂNEO durante as comemorações dos CEM ANOS DE ARTE EM NOVA IORQUE; capa da revista internacional de dança oriental ARABESQUE e como bailarina convidada da EXP0'92 em Sevilha no Pavilhão de Marrocos e dos Festivais anuais de dança oriental NAHR EL CALB, no Líbano, AHLAN UA SAHLAN, no Egito. No Brasil, recebeu medalha de ouro ao mérito artístico e cultural do governo federal por sua atuação e promoção da cultura árabe no país. Trouxe com pioneirismo grandes mestres da dança oriental e folclores árabes e foi produtora e bailarina do espetáculo coreográfico e musical ao vivo JARDIN DE LA DANZA em São Paulo sob a direção do artista e diretor Shokry Mohamed (Egito/Espanha), trabalho inédito do gênero no país. Além disso, foi apresentadora do quadro de cultura e dança do PROGRAMA BRASIL-ÁRABE realizado na rede Mulher de televisão e bailarina convidada da novela O Clone. www.fadua.pro.br

Kamis Araman é ator, bailarino e professor de dabke, desde os 8 anos. É descendente de Palestinos e iniciou seus estudos com o professor , coreógrafo e bailarino Nasser Mohamad, com o qual atualmente  atua hoje em dia no grupo profissional de dabke, fazendo diversos eventos em todo Brasil.Dentre suas diversas apresentações, podemos destacar o show na Venezuela em um congresso mundial que foi organizado por Hugo Chávez.Hoje ministra aulas em varias escolas de São Paulo e é coordenador de alguns grupos folclóricos fora da Capital de São Paulo também. Com sua notável destreza e habilidade conquistou o 1º lugar no concurso nacional de dança árabe no Brasil,Mercado Persa 2009, categoria dupla, ao lado de seu primo e também bailarino Ahmad.  www.kamisaraman.com.br