Fernando Zarif é homenageado com livro e exposições em São Paulo e Rio

Sex, 21/02/2014 - 14:28
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Há pouco mais de três anos, morria, aos 50, o artista Fernando Zarif. “Orgulhosamente autodidata”, desenhava, pintava, esculpia, escrevia, tocava tabla e violão, produzia peças gráficas, videoinstalações e performances. Sua trajetória está sendo homenageada com o lançamento do livro “Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo” e duas exposições de seus trabalhos, em São Paulo, na Galeria Milan, e no Rio de Janeiro, no MAM – Museu de Arte Moderna.

Aluno de Décio Pignatari e Hans-Joachim Koellreutter, o neto do poeta libanês Chafic Maluf cresceu em meio às artes e em sua trajetória compôs canções pop, colaborou na criação de uma ópera eletrônica minimalista e manteve no ar um programa de rádio especializado em música erudita contemporânea. Também criou duas capas de discos para os Titãs – de “Tudo ao mesmo tempo agora”e “Titanomaquia”.

Mas foi nas artes plásticas que deixou sua marca mais evidente, com uma obra de inconfundível toque autoral.

Surgido na mesma época da chamada geração 80 – a que se projetou no mercado das  artes, inclusive internacional, e no reconhecimento pela mídia e pelo público–, nunca manteve com ela a mais vaga relação de pertencimento. Descreveu seu percurso na contramão (ou “a contrapelo”) de tudo e de todos. Apesar de sua intensa produção, de 1982 a 2009, realizou apenas nove exposições individuais, com um hiato de onze anos entre a penúltima – a maior de todas, realizada em 1998 na Maison Des Arts André Malraux, em Créteil, França – e a derradeira, a performática e efêmera Cadernos, de 2009, no Espaço Tom Jobim, Rio de Janeiro.

O livro

Dois anos depois da morte de Fernando Zarif, a família do artista deu início ao Projeto Fernando Zarif, abrangendo a catalogação, o restauro e a difusão de sua obra, e seu acolhimento em uma casa de dois andares no bairro de Pinheiros, São Paulo, que em breve deverá se transformar em um espaço aberto à visitação e à pesquisa pelo público.

O primeiro resultado é o livro “Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo”. Organizado pelo artista plástico José Resende, editado pelo selo Metalivros e distribuído pela Martins Fontes, o livro reúne trezentas das mais de 2 mil obras catalogadas e restauradas por uma equipe capitaneada pela especialista Margot Crescenti.

Amigo de Zarif e espectador privilegiado de seu processo criador, Resende faz questão de ressaltar, no posfácio que escreveu para o livro, que “não se trata de uma publicação organizada sob a diretriz de um pensamento critico determinado”. E esclarece: “Como artista plástico que sou, confiei em meu olhar para agrupar trabalhos que guardam afinidade, formando diversos núcleos, que indicam as diversas frentes desenvolvidas. Acredito estar assim facilitando o acesso à complexidade desta obra, e não propriamente buscando construir um pensamento sobre ela”.

Além de obras representativas das diversas fases do artista, o livro traz uma coletânea textos publicados em catálogos e folders de exposições do artista, assinados por nomes como Décio Pignatari, Tunga, Arnaldo Antunes e o próprio Zarif, uma resenha de Marcos Augusto Gonçalves, publicada em 1993, no jornal Folha de São Paulo,  e textos especialmente escritos para o livro por Lenora de Barros, Fernanda Torres, José Resende e Thais Rivitti, entre outros. Há ainda um diálogo inédito, travado entre Bia Lessa, Maria Borba e José Resende, a propósito da última aparição pública do artista, da qual participaram ativamente. Trata-se da exposição/performance Cadernos, que ocupou Espaço Tom Jobim no Jardim Botânico do Rio de Janeiro por dois dias em junho de 2009, dentro do evento Inventário do Tempo: Livros, orquestrado pelas encenadoras Bia Lessa e Maria Borba.

Exposições

A Galeria Millan, em São Paulo, que abrigou cinco das nove individuais do artista, expõe 24  obras, entre desenhos, pinturas e esculturas. A coletânea fica aberta à visitação até 27 de fevereiro.

No Rio, até domingo, dia 23, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), onde, em 1995, Zarif apresentou O Corpo Humano e Outros Corpos, recebe, no foyer da instituição, um conjunto de treze obras.

Serviço:

Exposições:

GALERIA MILLAN, São Paulo - rua Fradique Coutinho, 1360 – tel: (11) 3031 6007

Até 27 de fevereiro

Horários de funcionamento: terça a sexta das 10h às 19h; sábados, das 11h às 18h

www.galeriamillan.com.br

 

MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo – Telefone: (21) 3883-5600

Até 23 de fevereiro

Horários de funcionamento: quinta e sexta, das 12h às 18h; sábado e domingo, das 12h às 19h

Ingressos: R$ 12,00; estudantes até 12 anos e maiores de 60 anos: R$ 6,00
Amigos do MAM e crianças até 12 anos: entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$12,00
[A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação]

www.mamrio.org.br

Livro

Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo

270 páginas cor . Papel couché . Capa dura . Preço: R$ 100,00 . Uma publicação METALIVROS

Projeto editorial e organização: José Resende . Projeto gráfico: Cj.31

Criação e Design / Dora Levy e Leticia Moura

Livrarias Leonardo Da Vinci, Cultura e Argumento.

Tiragem inicial: 1.500 exemplares . Distribuição: editora Martins Fontes.

 

Leia mais sobre Fernando Zarif:

http://oglobo.globo.com/cultura/o-imaginario-de-fernando-zarif-artista-plastico-que-tem-obra-restaurada-revista-em-livro-11255646

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/850512-artista-plastico-fernando-zarif-morre-aos-50-anos-em-sp.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/02/1413091-depoimento-fernando-zarif-tinha-ideias-incriveis-e-novidades.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/02/1413084-livro-e-restauro-de-obras-trazem-a-tona-trabalho-do-artista-fernando-zarif.shtml

http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer,herdeiros-de-fernando-zarif-e-gaspar-gasparian-investem-na-recuperacao-e-divulgacao-de-obras,1129627,0.htm