O III Imagens do Oriente e a nossa newsletter 200

Seg, 08/06/2009 - 21:00

A III Mostra Imagens do Oriente chega perto da sua conclusão. Termina domingo, com a exibição no Centro Cultural São Paulo de Al Nakba, de Rawan Damen, uma das convidadas do evento realizado pelo ICArabe em parceria com o CineSescSP, a Prefeitura de São Paulo e o Defc. Esta terceira edição ganhou um novo parceiro, o canal Al Jazeera, que colaborou na montagem da programação...A III Mostra Imagens do Oriente chega perto da sua conclusão. Termina domingo, com a exibição no Centro Cultural São Paulo de Al Nakba, de Rawan Damen, uma das convidadas do evento realizado pelo ICArabe em parceria com o CineSescSP, a Prefeitura de São Paulo e o Defc. Esta terceira edição ganhou um novo parceiro, o canal Al Jazeera, que colaborou na montagem da programação e trouxe alguns dos filmes que enriqueceram a mostra. Aliás, o filme que encerra o evento acabara de ser lançado pela emissora do Qatar. Montaser Marai, seu diretor de produção de documentários, ,que estava entre os convidados, discorreu em um dos colóquios sobre o atual desenvolvimento de documentários nos países árabes e comentou sobre a recente colaboração firmada com o Icarabe.“De fato, vir aqui e poder falar para a audiência brasileira, além de conhecer um pouco mais da cultura, foi muito interessante. Vejo essa parceria com o ICArabecom bons olhos, poder trazer para cá produções árabes e levar para lá olhares brasileiros.” Montaser demonstrou grande interesse pelo Brasil. A Al Jazeera planeja abrir um escritório da emissora em São Paulo para obter notícias de um continente que considera importante no contexto mundial. Por enquanto, na América do Sul, só tem um escritório na Venezuela. Ele ressalva que o horizonte da visão dos árabes precisa estender-se para outros lugares como África e América Latina como um todo. Rawan Damen, palestina como Marai, disse em entrevista ao ICArabeque há um sentido de missão dentro da emissora, de que deve representar o “ som do sul”. Portanto, não poderia haver melhor sintonia para os projetos da Al Jazeera do que uma iniciativa como Imagens do Oriente. Durante os 11 dias de exibição, que se completam no domingo, dia 7, foram apresentadas produções iranianas e árabes, especialmente aquelas vindas da Palestina, do Catar e mesmo do Brasil, com William Farnesi em seu “Caminho e caminham atrás de mim as estrelas”. Também não faltaram filmes turcos e europeus. Cumprindo seu papel de difusor e de elo entre diferentes culturas, o ICArabe ofereceu mais uma vez a oportunidade de enxergarmos realidades que, retratadas nas telas, comprovam como experimentamos as mesmas angústias e enfrentamos problemas semelhantes em partes do mundo aparentemente distantes umas das outras. O esforço do ICArabe continuará neste sentido de desconstruir ideias cristalizadas, contribuindo para eliminar preconceitos e estreitar os laços entre os povos. Coincidentemente, neste mesmo fim de mostra, chegamos à edição 200 desta newsletter. Cerca de quatro anos atrás, em 2 de junho de 2005, lançávamos a primeira edição do correio, com artigo assinado por Soraya Smaili e José Arbex Jr., então presidente e diretor de imprensa – atualmente à frente das diretorias cultural e de relações internacionais. Na época, quando ensaiávamos nossos passos iniciais na área da imprensa, ainda não tínhamos ideia da magnitude que esse instituto alcançaria. Não imaginávamos que quatro anos depois teríamos na bagagem seis mostras de cinema realizadas, distribuídas entre as já regulares Imagens do Oriente e Mostra Mundo Árabe. Contabilizamos ainda nada menos do que três exposições de fotos – a atual Outono em Cabul, no saguão do CineSesc até 26 de junho, além de Amrik eImagens e Paisagens do Mundo Árabe, este um dos frutos da parceria com o Institut du Monde Árabe, também co-realizador da mostra de cinema Mundo Árabe, caminhando para sua quarta edição em setembro de 2009. Não poderíamos calcular que teríamos três cursos de intensos debates sobre a cultura árabe. Concebemos Panorama do Mundo Árabe, História do Mundo Árabe e Reflexões sobre o Mundo Árabe. Recentemente, em parceria com a Boitempo Editorial e a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), realizamos três aulas sobre a História da Palestina com sala completamente lotada. Tampouco supúnhamos que nossos Diwans, encontros da poesia com as demais linguagens da arte, viessem dar um colorido a mais no cenário já tão diverso da poesia atual brasileira. Nosso crescimento hoje não surpreende mais ninguém, e o trabalho de todos que são voluntários no instituto o torna mais sólido a cada dia. A parceria com a Al Jazeera que concretizamos para esta edição de Imagens, e a que consagramos com o CineSesc e a Prefeitura de São Paulo, continuam a encaixar-se naquele objetivo inicial da reunião que fez surgir o ICArabe, em 2004. Smaili e Arbex falavam do início das atividades desta newsletter e das ambições do instituto, ainda nos seus primeiros passos. “Nossa ambição (...) não é pequena. O Brasil abriga uma imensa comunidade de árabes e descendentes, assim como é o país que tem a maior população negra fora da África (só perde para a Nigéria, em números absolutos). Queremos afirmar a identidade árabe no quadro da diversidade cultural brasileira, mas não no sentido exclusivista: não queremos a separação e a distância, mas, ao contrário, enriquecer o processo de integração, a partir do sólido solo da consciência das origens e das contribuições específicas de uma cultura que se orgulha por ter participado intensamente da formação deste país.” Tudo indica que estamos na trilha correta. O atual presidente do ICArabe, Michel Sleiman, completou, em entrevista durante a abertura do Imagens do Oriente deste ano: “O principal motivo de o ICArabe existir em um país como o Brasil é o de tratar culturas em miscigenação, de fazer o relacionar das culturas do Oriente em geral, de descobrir produções que fazem um movimento similar de olhar as culturas longe de estereótipos. Com Imagens, lançamos um fio por todos esses ganhos culturais, essas formas de expressão, e juntamos tudo isso em uma experiência só.” O Instituto da Cultura Árabe continua, certo de que esses quatro anos de atividades, refletidos em 200 newsletters, são apenas o início de uma longa caminhada. E não deixe de ver o que os últimos dois dias do Imagens ainda têm para mostrar em termos culturais e estéticos.