“Cinco Câmeras Quebradas” emociona o público na abertura da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema no Cinesesc

Seg, 19/08/2013 - 10:09
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Quando o cineasta palestino Emad Burnat disse que seu filme “muda as pessoas”, sobre “Cinco Câmeras Quebradas", não estava exagerando. Quem esteve presente e ajudou a lotar o auditório do Cinesesc, na abertura da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, na noite da última quinta-feira, (15), pode comprovar o teor de suas palavras.

Em pouco mais de uma hora e meia, o documentário, indicado ao Oscar 2013, emocionou a plateia com a história da luta de uma pequena comunidade na Cisjordânia, contra a ocupação israelense. Ao final, Burnat e seu filho Jibreel, protagonista do filme, foram aplaudidos de pé, ininterruptamente, durante um longo tempo, para fazer jus à grandiosidade da obra. “É muito importante para mim participar e mostrar meu filme para brasileiros e árabes. Estou muito feliz por conversar com vocês sobre nossa vida, nossa história, sobre o que está acontecendo na Palestina. O Jibreel também está feliz por estar aqui”, disse o cineasta.

Foi a primeira das 23 produções que serão apresentadas ao longo da Mostra, em cartaz até 16 de setembro em São Paulo e Rio de Janeiro (confira aqui a programação completa).

A estreia contou também com a presença do diretor argentino Edgardo Bechara, da Cinefertil, responsável pelo Latin Arab Film Festival (LAIFF) e parceiro da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema na “Sessão Diálogos Árabe-Latinos”, que apresenta produções brasileiras e latino-americanas com temática relacionada à imigração árabe, aos países árabes e sua relação com o Brasil e outros países da América Latina.

Para Edgardo Bechara, que falou ao público no Cinesesc na sessão do último sábado, a essência desse diálogo entre as duas culturas está em olhá-las não sob o prisma das diferenças, mas do que elas podem agregar. “Nós, seres humanos, somos uma só família. O mundo árabe é diverso. São 22 países com culturas unificadas pela língua, mas que têm histórias particulares. É precisamente nessa diversidade que está a sua riqueza, o que é muito semelhante ao que acontece na América Latina. As diferenças não nos separam, mas nos enriquecem”.

Na cerimônia de abertura, o presidente do ICArabe, Professor Salem Nasser, ressaltou o caráter do evento. “O que inspira a Mostra é a ideia de que, primeiramente, há um valor fenomenal à cultura. Esse valor está também na árabe, que não é apenas mais outra cultura para o Brasil. Ela é parte da cultura brasileira. A nossa missão a cumprir é aproximar ainda mais essas duas partes constituintes de um mesmo todo.”

Já Michel Alaby, secretário geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, parabenizou o ICArabe pelo festival e destacou a abrangência da cultura árabe nas diversas áreas do conhecimento e sua inegável importância para o Ocidente. “A contribuição da cultura árabe para o mundo ocidental é muito vasta nos campos da medicina, da literatura, da astronomia, da matemática, enfim, em diversas ações em prol da cultura ocidental, que muitas vezes nega esta contribuição. Que possamos cada vez mais utilizar essa cultura em benefício da humanidade”. O secretário pontuou ainda o respeito entre árabes-brasileiros e brasileiros-árabes. "Sempre respeitamos esse país que acolheu nossos avós e pais. E respeitamos também a grande nação árabe que hoje vive um momento difícil. Mas um momento difícil que é muito mais criado por influências externas do que internas."

O curador e diretor cultural do ICArabe, Geraldo Campos, expressou seu sentimento em relação à concretização de um evento tão importante para o calendário cultural da cidade de São Paulo: "É muito emocionante estar hoje aqui inaugurando a Mostra, depois de um ano de tanto trabalho. Não tenho muito a dizer a não ser transbordar essa emoção aqui para todos os presentes".