“A Última Estação”, uma homenagem à imigração árabe, tem pré-estreia nacional na 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

Ter, 20/08/2013 - 18:09
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Em pré-estreia nacional na noite desta segunda, (19), no Cinesesc, “A Última Estação”, longa que conta a história de imigrantes libaneses e sírios que vieram tentar a vida no Brasil, na década de 50, encantou o público. Coprodução entre Brasil e Líbano, com direção de Marcio Curi e roteiro de Di Moretti, este é um dos três filmes que integram a “Sessão Diálogos Árabe-Latinos” da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. “A ideia do filme é essa mesmo. Tocar as pessoas, envolvê-las, tentar trazer à tona essa questão da imigração libanesa e síria que tem uma importância para o Brasil muito grande e que nem sempre se percebe”, disse o diretor.

Curi acrescentou ainda que a obra também é uma forma de quebrar estereótipos relacionados a esses imigrantes. “Fizemos o filme com a intenção de mostrar essa verdade. É um povo batalhador que busca melhorar de vida e se esforça por isso, se integra e se envolve com as pessoas. É um povo que tem suas raízes um pouco conservadoras, mas são sensíveis e capazes também de mudar na medida em que vão convivendo com outras pessoas e conhecendo outras realidades. Estou muito contente, principalmente depois de ver a reação do público favorável ao filme”.

Di Moretti, roteirista do longa, ressaltou a relevância do tema abordado para o cinema brasileiro. “Acho importante trazer um filme que fala sobre a imigração libanesa. A cinematografia brasileira tem pouca referência à cultura árabe. Mais do que tudo, percebi, pela reação das pessoas, que precisávamos contar essa história. A história de um povo sofrido que sacrificou e teve muito trabalho para se adaptar a um país estranho. Temos que reconhecer que eles fazem parte da nossa formação. Nosso filme, em um festival como esse, faz esse tipo de justiça.”

Outro destaque da noite foi a bela atuação do ator Mounir Maasri no papel de Tarik, “a alma do filme”, segundo Marcio Curi. Presente na pré-estreia, o protagonista, que também é produtor, diretor e professor de dramaturgia respeitado e querido no cenário audiovisual libanês, disse se emocionar cada vez que assiste ao filme e que espera não ser esta “a última estação” para produções envolvendo a imigração libanesa. “É uma história que toca meu coração. Eu tenho uma família imigrante também aqui no Brasil e nos Estados Unidos. Para mim, é muito emocional, porque a questão da imigração sempre foi uma tragédia. É como uma cicatriz que sangra desde 130 anos atrás até hoje. Da última guerra no Líbano saíram de lá mais ou menos um milhão de pessoas. Em todo o país - Líbano - somos quatro milhões. O filme é uma abertura. É a primeira coprodução entre Brasil e Líbano e espero que não seja a última. Há milhões de imigrantes aqui. Esta história deve ser contada”.

O Professor Luiz Carlos Merege, que prestigiou o evento, saiu da sessão emocionado e afirmou que “A Última Estação” tem muito de sua história. “Um filme belíssimo! Recupera a historia dos libaneses e sírios que vieram para o Brasil. Dá-nos uma visão de como eles colaboraram para a riqueza deste país. Mostra todo o envolvimento emocional dos árabes. Para mim, foi emocionante porque eu tentei nos últimos anos recuperar essa cultura, já que também sou descendente de libaneses. Fiz o caminho de volta para o Líbano para tentar descobrir meus antepassados e encontrei minha família.”

Nas palavras do presidente do ICArabe, Professor Salem Nasser, “todo mundo que tem alguma parte da sua vida ligada à imigração libanesa, como eu e tantos outros no Brasil, se encontra numa historia assim. As situações vividas no filme remetem a histórias pessoais, ao que ouvimos quando crianças sobre o que nossos pais viveram na viagem, na vinda. Nas suas vidas aqui no Brasil. O filme toca muito, especialmente por isso, porque ele acaba contando a trajetória dessas pessoas que também fizeram parte da história brasileira."


Para a programação completa da Mostra acesse http://mundoarabe2013.icarabe.org/sinopses.htm?expanddiv=sinopse14