Jornal britânico “The Guardian” cita “Orientalismo” como o oitavo melhor livro de todos os tempos

Qua, 23/03/2016 - 23:00
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O jornal britânico The Guardian, em seu ranking dos 100 melhores livros de não-ficção (veja o ranking aqui) de todos os tempos, listou "Orientalismo", de Edward Said, em oitavo lugar. O impacto da obra em tantas áreas do conhecimento certamente influenciou a escolha. O intelectual palestino inspirou a criação do Instituto da Cultura Árabe (veja mais aqui

Said era um intelectual público que não hesitou em intervir para defender ideias, valores e principalmente a causa conhecida como Questão Palestina. Como crítico literário e sociólogo da cultura, demonstrou em “Orientalismo” que, no Ocidente, a imagem dos orientais, especialmente dos árabes, foi construída para legitimar sua supremacia. Said foi um grande defensor das legítimas aspirações do povo palestino de viver em paz e com independência na sua terra. 

Em prefácio para a obra escrito em 2003, Said afirma que as "...sociedades contemporâneas de árabes e muçulmanos sofreram um ataque tão maciço, tão calculadamente agressivo em razão de seu atraso, de sua falta de democracia e de sua supressão dos direitos das mulheres que simplesmente esquecemos que noções como modernidade, iluminismo e democracia não são, de modo algum, conceitos simples e consensuais que se encontram ou não, como ovos de Páscoa, na sala de casa." 

Na introdução da obra, o autor esclarece que o "...Oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores, mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural e uma das suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disto, o Oriente ajudou a definir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem ideia, personalidade, experiência contrastantes. Mas nada nesse Oriente é meramente imaginativo. O Oriente é uma parte integrante da civilização e da cultura material europeia. O Orientalismo expressa e representa essa parte em termos culturais e mesmo ideológicos, num modo de discurso baseado em instituições, vocabulário, erudição, imagens, doutrinas, burocracias e estilos coloniais."