Cancelada atividade Pós-Flip SP com o poeta e cientista político Tamim Al-Barghouti

Seg, 08/07/2013 - 15:48

O ICArabe lamenta informar que a atividade programada com o poeta e cientista político palestino Tamim Al-Barghouti para amanhã, dia 9, no Auditório Ibirapuera, na primeira edição da Pós-Flip São Paulo, foi cancelada. Infelizmente, o escritor teve seu passaporte extraviado no aeroporto, em sua escala em Londres, e não pode vir ao Brasil.Convidado da Flip 2013 para a mesa “Literatura e Revolução”, ao lado do tradutor Mamede Mustafá Jarouche, neste domingo, Tamim Al-Barghouti foi gentilmente substituído pelo escritor Milton Hatoum. O encontro também teve a participação do filósofo Vladimir Safatle.

Em mensagem à organização da Flip, Tamim Al-Barghouti  lamentou profundamente não ter podido participar. “Expresso minha gratidão, desculpas e vergonha a todos da Flip e a todos meus novos amigos no Brasil...Uma série de embates nas ruas, manifestações gigantes, algo que se parece com uma revolução, algo que se parece com um golpe de Estado e algo que se parece com os estágios iniciais de uma jovem e ebuliente guerra civil, estavam acontecendo a um quarteirão de distância do meu apartamento, próximo à praça Tahrir. Vocês me ofereceram o precioso presente do distanciamento, a possibilidade de olhar esse quadro complexo e, de certa forma, surreal após ter me distanciado um pouco. Aparentemente, no entanto, é impossível se afastar quando as manifestações, os golpes e as guerras estão acontecendo dentro da sua própria mente.... Fui capaz de chegar até Londres. No aeroporto, por uma distração minha ou talvez pela falta de sono nas três noites anteriores, meu passaporte foi perdido ou, possivelmente, furtado. Eu poderia ser perdoado, se o obstáculo para a minha vinda tivesse sido algo dramático, como um tanque em uma rua, uma nuvem de gás lacrimogêneo em um beco ou um tiroteio na rodovia, mas uma mente distraída, bem, isso foi uma vergonha.”


Em sua mensagem, falou também sobre o Brasil e a América Latina. “A América Latina é muito instigante. As fronteiras não me convencem. Elas separam e fragmentam pessoas com culturas, emoções, memórias e propósitos similares. Ambos conhecemos muito bem as lutas culturais, psicológicas, políticas e físicas entre colonizadores e nativos. Ambos experimentamos a dicotomia ancestral da religião, com clérigos conservadores de direita em um lado e os seguidores da teologia da libertação de outro. Ambos temos o mesmo doloroso desejo por democracia, independência e justiça social, e temos a mesma paixão por escrever literatura, declamar poemas e dançar diante das mais perigosas e surreais circunstâncias históricas.”