Alguns poemas*

Qua, 22/03/2006 - 00:00
O que talvez surpreenda, é a quantidade de poemas báquicos em uma cultura orientada para não consumir álcool. Porém, dizem as boas línguas que vinho não é álcool... e talvez assim vivessem no al Andaluz. A península Ibérica é conhecida terra vinícola, que já abastecia de vinho os romanos. Portugal e Espanha são pátrias de uvas célebres que produzem o vinho do Porto, o Rioja e o Jerez... só pra começar, vinhos apreciados hoje no mundo todo. Mas o apreço pelo vinho na cultura árabe vinha de longe, já era cantado em poemas dos tempos pré-islâmicos. Conta-nos Titus Burckhardt: "a ebriedade provocada pelo vinho pode ser parábola de êxtase espiritual, assim como o orgasmo. A mística islâmica utilizou tanto a poesia amorosa como a báquica no sentido figurativo. Então o vinho passa a ser símbolo do conhecimento de Deus." Por isso há poemas do al Andaluz com interpretação diversa, o sentimento de cada um mesclado à arte dos poetas: "Eran pesados los vasos cuando vinieron a nosotros; pero cuando estuvieron llenos de vino puro se aligeraron y estuvieron a punto de volar con lo que contenían, del mismo modo que los cuerpos se aligeran con los espíritus." Poema de Idris al Yamani, século XI "Al oriente, el estanque de la aurora se vuelve oceáno agitado. Las palomas se llaman angustiadas, como si temieran ahogarse, llorando en el follaje crepuscular". Poema de Abu Hasan Malik de Granada (traduções do árabe de García Gómes) *Texto publicado originalmente no dia 25 de novembro de 2005, na edição nº26 da newsletter do Icarabe