O muro do apartheid e a resistência palestina

Sex, 11/11/2011 - 16:21

Esse foi o tema de debate realizado em São Paulo, na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) em 8 de novembro. Parte das atividades globais da Semana contra o Muro do Apartheid – que teve início no dia 9 e ocorre até 16 –, foi promovida pela Frente em Defesa do Povo Palestino e Apropuc (Associação dos Professores da PUC-SP).

Iniciativa já tradicional da ONG Stop the Wall, a semana tem angariado cada vez mais apoiadores ao redor do mundo. A data inaugural não é à toa: coincide com a da queda do muro de Berlim em 1989. O na Cisjordânia, território palestino ocupado ilegalmente por Israel em 1967, é surpreendentemente maior: enquanto aquele tinha três metros de altura e 155km de comprimento, este, que começou a ser erguido em 2002, tem respectivamente cerca de nove metros e chegará aos 700km. Embora tenha sido condenado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia em 2004, continua sendo construído, anexando terras e enclausurando as pessoas. Afetando, segundo contou o palestino Abdallah Abu Rahmah, líder da resistência não violenta na aldeia de Bil´in, na Cisjordânia, durante a atividade na PUC-SP, diretamente cerca de 130 vilarejos, isolará completamente 29 deles.

Na oportunidade ainda, a jornalista brasileira Baby Siqueira Abrão – que está morando há alguns meses na Palestina – apresentou histórico da questão palestina e lembrou que já em 1967 havia projeto de construção do muro, desmistificando a ideia de que teria sido pensado para evitar ataques e assegurar segurança aos israelenses durante a segunda intifada (2000-2004). Nessa linha, ela denunciou a confusão deliberada que se faz ao classificar resistência, cujo direito é reconhecido pelas leis internacionais, como terrorismo.
 
A resistência em Bil´in

Rahmah abordou a luta contra o muro na pequena aldeia e a vitória parcial obtida em junho último. Após quatro anos de manifestações pacíficas semanais, a Suprema Corte de Israel mandou derrubar parte. Acompanhando a fase predominante de resistência não violenta em diversos vilarejos, as iniciativas em Bil´in têm chamado a atenção do mundo, ao lado de outras, para o apartheid promovido por Israel na Palestina. O líder denunciou, em sua fala, esse estado de coisas. Falou das estradas exclusivas para israelenses na Cisjordânia, do impedimento de livre circulação dos palestinos e apontou, entre as formas de luta, a ação global de BDS (boicote, desinvestimento e sanções) à potência ocupante. As estratégias para fortalecê-la no Brasil e seus objetivos foram o tema desta jornalista, de origem palestina. Entre eles, garantir, com pressão popular, que o governo federal rompa tratados e acordos militares com Israel. Ao final, Bia Abramides, presidente da Apropuc, leu moção de apoio a essa campanha e contra o muro, a qual foi aprovada por aclamação.