Uma vitória ímpar do Irã

Ter, 13/10/2015 - 10:13
O provérbio árabe “conheça seus segredos através de seus menores” é cheio de verdades e é confirmado principalmente ouvindo a reação israelense ao acordo firmado entre as seis potências mundiais: China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia (os seis membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas com direito a veto) mais Alemanha, de um lado e a República Islâmica do Irã do outro. É pelas reações ao acordo que encontramos quem ganhou e quem perdeu.

O primeiro ministro do ‘estado judeu’ – como ele o quer designado apesar do peso de apartheid que carrega até mesmo dentro da própria expressão – que clamava pelo perigo representado por um Irã nuclear e justificava, a seu ver, e queria convencer o mundo por isto, que um ataque preventivo contra o país persa era de suma importância para a segurança regional e quiçá mundial. Apesar do acordo que impossibilita que toda a atual geração iraniana fabrique armas nucleares, Benyamin Netanyahu continua seu discurso histérico e reagiu declarando, logo após a assinatura do entendimento, que o acordo nuclear era “um erro histórico” e acrescentou: “Comprometemo-nos a prevenir que o Irã adquirisse armas nucleares e este comprometimento continua de pé”. O chefe de governo e líder do partido Likud não escondeu que poderia tomar medidas militares para impedir o Irã de adquirir capacidade nuclear. Ele não esconde que um ataque militar preventivo continua a ser o objetivo da política israelense relativa ao Irã.

O que está incomodando Israel, na realidade, é o fato de a previsão de crescimento iraniano, já em 2016, como resultado primeiro do acordo, estar sendo previsto para beirar os oito por cento, enquanto Israel, apesar de só agora reconhecer, por trás de uma cortina de filó, que o movimento BDS (boicote, desinvestimento, sanções contra Israel) tem sido um movimento crescente durante os últimos dez anos com eficiência maior que a existência das cerca de duzentas ogivas nucleares que o estado sionista possui. Israel, exercendo uma política discriminatória e criminosa contra os palestinos e seus bens já é, de per se, um empurrão na ladeira de sua própria extinção, pois ninguém duvida que este seja o destino de quem quer vender laranjas que não plantou ou coloca seis soldados armados para surrar um garoto de seis anos.

De seu lado, Tzipi Hotovely, vice ministra do exterior israelense, acusou as potências ocidentais de terem se rendido ao Irã em consequência do “acordo delas arrancado”. “Este acordo é uma derrota histórica do Ocidente contra o eixo do mal encabeçado pelo Irã” disse Hotovely, plagiando o criminoso de guerra George W. Bush. O plágio não parou por aí e, pelo Twitter, ela acrescentou: “Israel agirá por todos os meios para tentar impedir que o acordo seja ratificado”.

Entre o ataque militar previsto por Netanyahu e a ação diplomática imaginada por Hotovely, a economia iraniana terá os benefícios do acordo e, como o quinto produtor mundial de petróleo, atualmente só exportando quantidade mínima de sua capacidade, verá suas vendas crescerem vertiginosamente, os seus recursos externos de bilhões de dólares sendo desbloqueados, seu comércio internacional florescendo, enquanto só resta a Israel que com suas ações criminosas contra os palestinos estar correndo célere para um suicídio econômico e político coletivo.

As reações ao acordo nuclear com o Irã e o levantamento das sanções contra o estado persa foram bem acolhidas nos países árabes do Oriente Médio e África do Norte. Como era de se esperar, o Líbano comemorou e a Síria, nas palavras do presidente Bashar Al-Assad declarou a Ali Akbar Velayati, conselheiro do supremo líder iraniano Ayatollah Ali Khamenei, que está “confiante que seu maior aliado regional, o Irã, aumentará seus esforços no apoio a causas justas”. Assad acrescentou que “[O acordo nuclear selado em Viena] é um ponto de grande mudança de rumo na história do Irã, da região e do mundo”.