Venceremos!

Qui, 11/12/2014 - 22:33
Venceremos! Foi a última palavra dita por Zyad Abu-Aïn ao ser covardemente morto por um soldado do estado patife de Israel. A palavra foi dita por um palestino em sua própria terra, num local revestido de toda a força que a força da vitória final vindoura pode ter. O criminoso é um estranho à terra roubada. Venceremos passará a ter a força e a repercussão de outra palavra, pronunciada na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), durante o assédio a Madri, em sua famosa versão castelhana “No pasarán!”, pronunciada por Dolores Ibárruri Gómez, La Pasionaria, uma combatente contra as ditaduras fascistas no nascedouro e que anos depois custaram milhões de vidas, em duas guerras mundiais, até a vitória final sobre a Alemanha. A luta contra o sionismo é, para nós, exatamente igual àquela nossa luta contra o nazismo.

No dia 10 de dezembro de 2014, às 9 horas da manhã, o presidente da Organização de Luta contra o Muro e os Assentamentos em Terras Palestinas, o Ministro de Estado palestino Zyad Abu-Aïn, chamou a imprensa para que cobrissem uma manifestação contra a ocupação sionista, perto de Ramallah. “Haverá lá algo e os deslocaremos”, disse o Ministro. Poucas horas depois Zyad se transformaria em mais um mártir da causa palestina, contribuindo com seu sacrifício para que a luta fosse cada vez mais ferrenha e registrando mais este crime da ocupação sionista contra os palestinos donos da terra ocupada. O “venceremos” pronunciado por Zyad junto com seu último suspiro representa incentivo à luta contra o desespero que o ocupante vem ultimamente demonstrando, bem representado cada vez mais, da perseguição de crianças e jovens palestinos. 

O estado sionista não está percebendo que com suas ações injustificáveis e desencontradas estão tornando o sonho de Mahmoud Ahmadinajad uma realização deles mesmo contra eles mesmos. Ao mesmo tempo, estão trazendo para a causa palestina o apoio da opinião pública em todos os rincões deste planeta. 

A maior prova de que os sionistas perderam a noção de como devem coordenar sua reação à campanha da Autoridade Palestina na procura do reconhecimento da Palestina pelas nações é que o crime cometido contra Zyad foi cometido por soldados da ocupação diante da imprensa mundial e, minutos depois, o mundo inteiro tomava conhecimento do ocorrido. Se os meninos palestinos são presos porque andam com pedras nas mãos ou riem na cara dos soldados, Zyad não fez nada disto, apenas discutiu com os guardas de um posto de observação e um dos soldados segurou o Ministro pelo pescoço enquanto outro soldado batia nele com o cabo do fuzil. Zyad caiu no chão dizendo: “Fui agredido e me bateram, mas esta ocupação fracassada acabará e o povo palestino vencerá; nós venceremos”. Dito isto, faleceu.  

Os fatos foram registrados em vídeo e o número de testemunhas é grande, constituído de palestinos e jornalistas estrangeiros. Abu-Aïn lá estava, segundo declarou à imprensa, no início da marcha, porque “Os palestinos vieram para a região de Termesaia, a nordeste de Ramallah, para plantarem em suas terras, confiscadas pelas forças de ocupação, mas foram recebidos com agressividade pelos soldados deste exército terrorista”.

O fato ocorre enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas se prepara para discutir a questão do reconhecimento do Estado Palestino, em fins de dezembro corrente, o que ensejou a organização de uma reunião urgente em Roma, no próximo domingo, entre o chefe do governo israelense, Benyamin Natanyahu, e o Ministro do Exterior dos Estados Unidos, John Kerry. Segundo o jornal israelense Haaretz a reunião extraordinária foi organizada para coordenação dos passos antes da provável votação no Conselho de Segurança de uma Resolução, a ser proposta pela Palestina, para determinar o fim da ocupação israelense até o fim de 2016.

Para que os sionistas ocupantes das terras palestinas não inventem desculpas para a morte prematura do Ministro palestino e digam algo como “a morte foi causada porque o soldado perdeu a paciência, ou morreu porque o soldado teve um impulso de loucura, ou que o Ministro teve AVC fulminante” conforme sugeriu o presidente palestino Mahmoud Abbas, o corpo será autopsiado por uma junta médica internacional, árabe e palestina.

Abbas disse também ao descrever o crime: “Foi um ato de barbarismo intolerável e não calaremos nem tampouco iremos aceitar”. 

 

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