Durante a entrevista, Fouad Hamdan, diretor executivo do Fundo Árabe de Direitos Humanos, por vezes colocava a cabeça entre as mãos e bufava, deixava clara sua incredulidade com a inaptidão dos governos árabes em agir em proveito de seus povos. O libanês não tem um trabalho fácil. Em 2008, teve que escolher entre 135 inscrições de ONGs vindas de 14 países árabes e de organizações palestinas dentro de Israel, nas “fronteiras de 1948”. Gerenciador de 308 mil dólares, teve que fazer uma seleção e recusar cerca de 80% Das inscrições. Aprovou o projeto de 24 organizações em 11 países árabes e duas organizações palestinas dentro de Israel, num total de 26. Além de contar com a já citada pouca vontade das autoridades da região, lida com a péssima influência externa, o que faz com que seu esforço seja o de remar ainda mais contra a maré. A ocupação otomana, o colonialismo franco-britânico e a criação de Israel foram três pilares que colaboraram para a péssima situação dos diretos humanos na região. A estes se adicionou a desastrosa resposta dos Estados Unidos aos ataques de 11 de setembro. Hamdan também não nega suas raízes. Ao fim da entrevista, perguntei o que achava do Brasil. Disse que estava impressionado, mas que logo estaria de saída. Voltaria ao “seu ‘maldito’ Líbano”, expressado em um tom de carinho irônico, de quem voltaria para casa, uma caótica e complexa, mas querida casa.