Jornal britânico “The Guardian” cita “Orientalismo” como o oitavo melhor livro de todos os tempos
Said era um intelectual público que não hesitou em intervir para defender ideias, valores e principalmente a causa conhecida como Questão Palestina. Como crítico literário e sociólogo da cultura, demonstrou em “Orientalismo” que, no Ocidente, a imagem dos orientais, especialmente dos árabes, foi construída para legitimar sua supremacia. Said foi um grande defensor das legítimas aspirações do povo palestino de viver em paz e com independência na sua terra.
Em prefácio para a obra escrito em 2003, Said afirma que as "...sociedades contemporâneas de árabes e muçulmanos sofreram um ataque tão maciço, tão calculadamente agressivo em razão de seu atraso, de sua falta de democracia e de sua supressão dos direitos das mulheres que simplesmente esquecemos que noções como modernidade, iluminismo e democracia não são, de modo algum, conceitos simples e consensuais que se encontram ou não, como ovos de Páscoa, na sala de casa."
Na introdução da obra, o autor esclarece que o "...Oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores, mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural e uma das suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disto, o Oriente ajudou a definir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem ideia, personalidade, experiência contrastantes. Mas nada nesse Oriente é meramente imaginativo. O Oriente é uma parte integrante da civilização e da cultura material europeia. O Orientalismo expressa e representa essa parte em termos culturais e mesmo ideológicos, num modo de discurso baseado em instituições, vocabulário, erudição, imagens, doutrinas, burocracias e estilos coloniais."