De quantas ogivas nucleares Israel necessita para se autodestruir?

Sex, 25/11/2016 - 12:47

Leia o artigo de José Farhat, diretor de Relações Internacionais do ICArabe.

Se Lawrence S. Wittner, em seu artigo publicado no dia de finados, 02/11/2016, estivesse escrevendo sobre Israel e não sobre seu país, em vez do título “How Many Nuclear Warheads Does the United States Need?" - é abuso de minha parte -, tenho quase certeza de que o título seria aquele que está acima.

O Professor de História, ativista a favor da Paz e da Justiça Social, disse uma vez mais o que pensa das armas nucleares, quando afirmou que “a situação atual é insustentável e estamos vivendo em circunstâncias de perigo enorme, pois, enquanto existirem armas nucleares há uma grande probabilidade de que elas acabem sendo usadas.” É fato, pois guerras têm sido travadas, através da História, quase sempre com as armas mais poderosas ao alcance na época. “As armas nucleares, aponta Wittner,  foram usadas com pouca hesitação pelo governo dos Estados Unidos em 1945 e, enbora não tenham sido empregaddas em batalha desde então, por quanto tempo podemos esperar para continuar sem sermos pressionados novamente a serviço de um governo defensivo, um governo agressivo, um ditador implacável, ou um louco”?

Nem só de guerra a humanidade sofreu com acidentes nucleares, a Agência Internacional de Energia Atômica listou os piores  desastres já ocorridos, que são: Chernobil, 1986, o pior dentre eles da história cuja radiação foi 200 vezes maior do que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki juntas, contaminando 200.000 km² e a morte por câncer de cerca de 4.000 pessoas; além de outros sete acidentes, inclusive o de menor monta de Goiânia, 1987.

Israel guarda segredo sobre o número de ogivas que mantém prontas para serem lançadas, o que coloca o estado segregacionista na lista de países que têm armas nucleares que são (seguida de número provável de ogivas): Rússia (13.000), Estados Unidos (9.400), França (300), China (240), Reino Unido (180), Israel (60 a 80 ou 200), Paquistão (70 a 90), Índia (60-80) e Coréia do Norte (desconhecido).

Se Chernobil contaminou 200.000 km² imagine-se só quantas armas Israel necessita para atingir o Líbano e a si mesmo ou o Irã e o território palestino que ocupam. Matar o inimigo e cometer suicídio é programa sério ou simplesmente uma medida similar àquela dos judeus que se aproveitaram da ausência de Moisés e encarregaram seu irmão Aarão de construir um bezerro de ouro para que o adorassem e ganhassem o fogo do inferno. A resposta é tão infantil quanto o fato.

Muitas vezes o estado racista de Israel teve a oportunidade de levar adiante um projeto de paz e deram as costas à solução pacífica e à negociação. Algumas vezes cogitou-se de dois estados para dois povos, uma verdadeira injustiça para o povo palestino, mas isto ocorreu e nem isto Israel aceitou.

A situação atual, independentemente do arsenal nuclear do estado hebreu parece que este não terá mais a chance de oficialização do crime de ocupação cometido contra o povo palestino e só resta uma saída para a terra palestina: a criação de um único estado palestino para abrigar palestinos de qualquer crença religiosa e cidadãos de boa fé de qualquer origem e qualquer credo.

Novo suicídio coletivo, com armas nucleares ou outro meio, por favor, que seja longe das terras sagradas para judeus, cristãos e muçulmanos e, note-se, os palestinos não são suicidas.

 

José Farhat é cientista político, arabista e diretor de Relações Internacionais do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe).

Artigos assinados são responsabilidade de seus atores, não refletindo, necessariamente, a opinião do ICArabe.