Salem Nasser apresenta a comunidade árabe do Brasil a diplomatas reunidos em curso promovido pela Funag
O presidente do ICArabe, Professor Salem Nasser, falou sobre a comunidade árabe no Brasil, nesta segunda-feira, dia 29, a mais de vinte representantes de nações árabes que participam do curso organizado pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), ligada ao Itamaraty, para apresentar o país aos estrangeiros. A abertura do 1º Curso para Diplomatas dos Países Membros da Liga dos Estados Árabes ocorreu na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
As relações históricas que unem brasileiros e árabes, desde a chegada dos primeiros imigrantes do Oriente Médio até o aumento expressivo da corrente comercial entre as duas regiões nos últimos dez anos, foram alguns dos temas tratados no primeiro encontro do curso, que segue até 10 de maio.
Os participantes ouviram relatos sobre os primeiros árabes que chegaram ao Brasil e puderam entender como se deu a formação da colônia árabe no País. “O árabe está no Brasil a partir da segunda metade do século 19”, lembrou Salem Nasser. “As primeiras ondas de imigração árabe foram cristãs. As ondas mais recentes foram muçulmanas”, explicou.
Para José Vicente de Sá Pimentel, presidente da Funag, o curso é uma oportunidade para que aprendamos, nos conheçamos melhor e façamos contatos. “A relação entre o Brasil e os países árabes é histórica, mas ganha impulso no presente”, afirmou. Somália e Iêmen falam em abrir embaixadas em Brasília.
“Há 10 anos, a corrente comercial entre o Brasil e os países árabes era de US$ 5,4 bilhões. Hoje, ela ultrapassa US$ 25,9 bilhões”, destacou Marcelo Sallum, presidente da Câmara Árabe. “Não podemos ficar por aqui, acreditamos que podemos fazer muito mais”, disse.
“O curso é uma iniciativa pioneira que vai fazer a diferença nas relações entre árabes e brasileiros”, avaliou Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina e decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil. “Vocês são diplomatas jovens que servirão de ponte de integração entre o Brasil e o mundo árabe”, afirmou, dirigindo-se aos participantes do curso.
“As relações entre o Brasil e os países árabes são caracterizadas pelo respeito mútuo entre os governos e os povos”, disse Bachar Yaghi, chefe da missão da Liga dos Estados Árabes em Brasília. “O curso amplia as relações bilaterais e damos todo nosso apoio a essa iniciativa baseada na cooperação e no respeito”, completou.
Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, subsecretário-geral para África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, recordou que o imperador Pedro II era um estudioso do idioma árabe e chegou a visitar Beirute, Damasco e Jerusalém.
Novas embaixadas
O curso recebe mais de 20 diplomatas de países que possuem embaixadas no Brasil, como Arábia Saudita, Argélia, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina, Sudão e Tunísia; e também participantes de nações que ainda não têm representação em Brasília, como Somália, Iêmen e Ilhas Comores. “É muito importante para ampliar as relações entre os árabes e os brasileiros. As relações entre a Somália e o Brasil são muito boas e importantes e nosso governo planeja ter uma embaixada no Brasil”, afirmou Ali Omar Afrah, primeiro-secretário da embaixada da Somália no Egito.
Outro diplomata que veio ao Brasil pela primeira vez é Mohamed Ali Alnajar, vice-diretor do departamento de relações internacionais no Ministério das Relações Exteriores do Iêmen. “Estamos fazendo o curso com a perspectiva de fortalecer a relação entre Iêmen e o Brasil. Temos sérios planos de abrir uma embaixada no Brasil. A relação entre o Iêmen e o Brasil é muito importante para nós e acreditamos que a abertura de uma embaixada aqui vai facilitar estas relações. É nossa prioridade abrir uma embaixada aqui e espero que isso aconteça logo”, afirmou.
Adbou Raouf Hamadi, diretor-geral para Assuntos Árabes do Ministério das Relações Exteriores e de Cooperação das Ilhas Comores, acredita que o curso será muito útil para ele. “O Brasil ainda é pouco conhecido no meu país. Meu papel ao voltar é fazer um elo entre o Brasil e Comores”, destacou.
Salwa Mowafi, primeira-secretária da subsecretária do Ministério das Relações Exteriores do Egito para o Conselho de Cooperação do Golfo e Iêmen, era uma das poucas mulheres participantes do curso.
“Vemos o Brasil como um país em desenvolvimento que conseguiu evoluir e alcançar um alto nível de desenvolvimento em um período muito curto e esta é uma inspiração para muitos países árabes”, afirmou. “Queremos fortalecer as relações com o Brasil, lógico, mas também queremos saber como vocês conseguiram este desenvolvimento em um período tão curto”, explicou ela.
Segundo Mowafi, o Egito possui várias mulheres ocupando importantes posições diplomáticas no mundo. Perguntada, ela disse que gostaria muito de ser embaixadora no Brasil. “É um país muito bom e as pessoas são muito receptivas”, completou.
(da ANBA)