Equipe Olímpica de Refugiados terá 10 atletas de quatro países diferentes
Todos eles deixaram seus países devido a conflitos e perseguição, e encontraram refúgio na Alemanha, Brasil, Bélgica, Luxemburgo e Quênia. Os dois judocas Popole Misenga e Yolande Mabika vivem no Rio de Janeiro. É a primeira vez, na história dos Jogos Olímpicos, que haverá uma equipe composta exclusivamente por atletas refugiados.
Em comunicado oficial, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) comemorou o anúncio da equipe. "A iniciativa de montar um time de refugiados para os Jogos Olímpicos manda uma forte mensagem de apoio e esperança para os refugiados ao redor do mundo. Esta iniciativa chega no momento em que, mais do que nunca, milhares de pessoas têm sido forçadas a deixar suas casas por motivos de conflitos armados, violação de direitos humanos ou perseguição", afirmou o ACNUR. Ao final de 2014, a população global de refugiados, deslocados internos e solicitantes de refúgio era de 59,5 milhões de pessoas.
A Equipe Olímpica de Atletas Refugiados competirá em nome do COI, e sob a bandeira olímpica. Na cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, em 05 de agosto de 2016, a equipe desfilará imediatamente antes da delegação brasileira. Os atletas refugiados, anunciados hoje pelo Comitê Executivo do COI, são:
Ramis Anis, da Síria (Natação, 100 metros borboleta – masculino); vive na Bélgica;
Yiech Pur Biel, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – masculino); vive no Quênia;
James Nyang Chiengjiek, do Sudão do Sul (Atletismo, 400 metros – masculino); vive no Quênia;
Yonas Kinde, da Etiópica (Atletismo, maratona – masculino); vive em Luxemburgo;
Anjelina Nada Lohalith, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – feminino); vive no Quênia;
Rose Nathike Lokonyen, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – feminino); vive no Quênia;
Paulo Amotun Lokoro, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – masculino); vive no Quênia;
Yolande Bukasa Mabika, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – feminino); vive no Brasil;
Yusra Mardini, da Síria (Natação, 200 metros livres – feminino); vive na Alemanha;
Popole Misenga, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – masculino); vive no Brasil;
"Estamos muito satisfeitos com a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados. São pessoas que tiveram suas carreiras esportivas interrompidas após serem forçadas a abandonar seus países devido à violência e à perseguição. Agora, estes atletas refugiados de alto nível finalmente terão a chance de seguir seus sonhos. A participação deles nas Olimpíadas é o resultado da coragem e perseverança de todos os refugiados que se esforçam para superar as diferenças e construir um futuro melhor para eles e para suas famílias. O ACNUR se solidariza a eles e a todos os refugiados", afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
A participação de refugiados nas Olimpíadas representa um marco fundamental na parceria de longa data entre o ACNUR e o COI. Esta relação, que já se estende há 20 anos, promove o desenvolvimento e o bem-estar dos refugiados no mundo todo, em particular das crianças. Por meio de projetos conjuntos, o ACNUR e o COI apoiam programas para a juventude e atividades desportivas em pelo menos 20 países, reformamos quadras poliesportivas em vários campos de refugiados e provimos kits esportivos para jovens refugiados.
Para os Jogos do Rio, o ACNUR atuou Comitê Organizador Rio 2016 em diferentes inciativas para integrar os refugiados ao evento e promover a causa dos refugiados. Dois refugiados foram selecionados para conduzir a Tocha Olímpica: a estudante síria Hanan Dacka, que carregou a chama olímpica em Brasília, e o guinense Abdoulaye Kaba, que é jogador de futebol no Brasil e conduzirá a Tocha em Curitiba, dia 14 de julho.
A parceria também envolveu o recrutamento de refugiados residentes no Rio de Janeiro para participação como voluntários durante os jogos e também junto a um importante legado dos Jogos Rio 2016: o conteúdo educativo dos jogos, disponível para professores e coordenadores pedagógicos como aulas digitais pelo link www.rio2016.com/educacao/midiateca/coordenadores-pedagogicos/tregua-olimpica
Para o Representante do ACNUR no Brasil, Agni Castro-Pita, que também conduziu a Tocha Olímpica, "a parceria entre ACNUR e COI promove visibilidade para a situação dos refugiados no mundo todo e relaciona os valores olímpicos fundamentais da tolerância, solidariedade e paz com a necessidade da pessoa refugiada. Durante os Jogos Olímpicos, a comunidade internacional se reúne para uma competição pacífica e este é um momento singular para estender esta mensagem a qualquer pessoa no mundo, considerando a diversidade como elemento fundamental para a sociedade global para que se possa conviver em harmonia, sem qualquer tipo de discriminação".
O anúncio da equipe de refugiados coincide com o lançamento global da campanha do ACNUR #ComOsRefugiados, que integra a esta parceria entre a Agência da ONU para Refugiados e o COI para os Jogos Olímpicos Rio 2016. O marco da campanha #ComOsRefugiados é uma petição www.acnur.org/diadorefugiado/peticao/ para que as autoridades governantes possam garantir que cada criança refugiada tenha acesso à educação, que todas as famílias refugiadas tenham a possibilidade de viver em um lugar seguro, e que todos os refugiados possam trabalhar e aprender novos conhecimentos para contribuírem positivamente para suas comunidades. A petição será entregue às autoridades antes da reunião de Alto Nível da ONU sobre Refugiados e Migrantes, prevista para acontecer dia 19 de setembro em Nova York.