ICArabe quer voar mais alto em 2010
Para José Arbex Júnior, diretor de Relações Nacionais e Internacionais do Instituto, no ano que passou o ICArabe entrou em uma nova fase com a mudança da presidência da entidade e a renovação de sua diretoria. “A ‘primeira fase’ foi de estruturação, quando enfrentamos problemas fundamentais como o da criação de uma sede”, diz. Apesar de todas as dificuldades iniciais, Arbex acredita que o Instituto deu um grande salto no sentido de promover atividades realmente significativas. “Em 2009, senti que amadurecemos e nos consolidamos. Temos uma identidade própria, dialogamos com e somos reconhecidos por setores importantes da sociedade civil e do estado brasileiro”, ressalta.
Outro passo importante, destacado por Gabriel Sayegh, secretário-geral da entidade, foi o aumento da lista de parcerias firmadas pelo ICArabe com entidades públicas e particulares, criando sinergias que permitiram maior exposição das atividades e que, consequentemente, aumentaram e diversificaram o público atingido. “Sofremos com escassez de verba, pequena estrutura física e humana e com a falta de mais profissionais para a parte administrativa, mas a garra e persistência dos nossos membros voluntários garantiram o ótimo resultado obtido”, avalia.
Na opinião de Soraya Misleh, diretora de Imprensa e Divulgação do ICArabe, os desafios de levar conhecimento, difundir a cultura árabe no Brasil e desconstruir estereótipos ainda estão presentes, “mas já caminhamos bastante”. Segundo ela, a entidade tem para 2010 muitos projetos e planos, com boas perspectivas. “Na área de imprensa, estamos finalizando a reforma do nosso site, para torná-lo mais dinâmico, moderno e leve. Além disso, nosso correio eletrônico atinge cada vez mais pessoas, que passam a conhecer e a acompanhar nosso trabalho”, diz.
Resultados para contar e comemorar
De acordo com Soraya Smaili, diretora Cultural do ICArabe, em 2009 o número de atividades promovidas pela entidade dobrou. “Ganhamos mais visibilidade e diversas instituições brasileiras, ligadas ou não à colônia de descendentes árabes, nos procuraram solicitando parcerias para realizarem mostras de cinema, como entidades da Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e Paraná”, afirma.
Ela conta que, em 2009, os eventos cinematográficos realizados pelo ICArabe cresceram muito. A Mostra Mundo Árabe de Cinema foi para quatro salas da cidade de São Paulo e a Mostra Imagens do Oriente, para três. Também houve boa repercussão na mídia e os espetáculos foram bem aceitos pelo público. Foram feitas ainda exibições de filmes, pertencentes ao acervo do Instituto, em Petrópolis (RJ), na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Curitiba (PR), na Universidade Federal de Brasília (DF) e no Lar Druso Brasileiro (SP). “Vale destacar uma importante parceria que fizemos com a Casa de Espanha e que nos deu maior fôlego e possibilidades para a realização da Mostra Mundo Árabe de Cinema”, completa Smaili.
Na área educacional, Heloisa Dib, primeira-secretária do Instituto, conta que foram oferecidos quatro cursos ao longo do ano: três na capital paulista (História Oral, Panorama da Cultura Árabe II e A História da Palestina e os Desafios da Atualidade) e um em Curitiba, no Paraná (Reflexões sobre o Mundo Árabe Contemporâneo). Juntos, reuniram quase 600 alunos. “O curso em Curitiba configurou um grande desafio. Foi a primeira vez que realizamos algo do gênero fora de São Paulo. A atividade nos rendeu contatos muito importantes com entidades do comércio e da indústria locais”, salienta Heloisa.
Outra ação importante foi a contratação de uma assistente de secretaria que, além de facilitar o contato do público externo com a entidade e auxiliar em ações burocráticas, organizou o acervo do ICArabe de livros, materiais impressos e eletrônicos, CDs e DVDs.
Para 2010, além de aperfeiçoar e intensificar as atividades praticadas, Gabriel Sayegh acredita que é preciso concluir alguns projetos em andamento, como o Observatório da Mídia e o Centro de Estudos sobre a Imigração Árabe no Brasil – Al Máhjar. “Há também o projeto de termos uma sede própria”, diz o secretário-geral.
Na área cultural, Soraya Smaili prevê mais um salto de qualidade e tamanho nas mostras de cinema e também fotográficas. “Estamos trabalhando para conseguir patrocínio com o auxílio da Lei Rouanet e isso vai ajudar a concretizar esse objetivo”, explica. Ela lembra que, em março, o ICArabe celebrará cinco anos de existência e lançará uma publicação impressa comemorativa. “Além disso, vamos reforçar as parcerias já existentes, investir em outras e levar nosso trabalho para novos lugares.” Os cursos também continuarão. Para os próximos meses, estão nos planos um sobre história contemporânea e geopolítica do mundo árabe e outro sobre arte e arquitetura.
O grande desafio
Gabriel Sayegh faz questão de ressaltar que as ações do ICArabe têm colocado a entidade em um plano de destaque muito acima das limitadas condições financeiras e estruturais de que dispõe. Nesse sentido, o presidente do Instituto, Michel Sleiman, avalia que o momento é crucial para o recebimento de apoios mais significativos de grupos empresariais e de órgãos públicos. “Nossas atividades e projetos cresceram, mostraram bons resultados, somos reconhecidos. Agora, para aperfeiçoar e crescer mais, necessitamos profissionalizar os processos, ter suporte logístico e financiamentos constantes”, explica. Com a finalidade de facilitar o recebimento de apoios financeiros, o Instituto caminha para se tornar uma Instituição de Utilidade Pública.
Michel salienta que a equipe do ICArabe é composta inteiramente por voluntários, tendo como funcionárias remuneradas apenas uma assistente de secretaria e uma jornalista. “Agora gostaríamos de ter um profissional mais especializado em secretariado, além de alguém da área de biblioteconomia”, diz. Devido ao crescimento do acervo de livros, CDs e DVDs, a entidade também sofre com a falta de um local adequado para expor e guardar o material. “O ideal seria ter uma sede administrativa onde pudéssemos ter uma biblioteca adequada e espaço para a realização de encontros, pesquisas, cursos, exposições e palestras”, conclui Michel. Hoje, a maioria das atividades realizadas pelo ICArabe depende de parcerias para que possa ser alojada e efetivamente concretizada.
“O Instituto precisa ser acolhido por algo maior. A nova fase do ICArabe vai demandar um patamar superior de organização e outros grupos podem contribuir. É esse o nosso grande desafio em 2010”, ressalta o presidente.