Na Síria: muitos passos ainda para chegar aos finalmente
O principal representante de uma facção rebelde síria – pelo menos assim ele se intitula e é ecoado pela imprensa impregnada de interesses escusos, declarou que “os rebeldes não participarão das negociações de paz de Genebra, enquanto persistir o cerco à região de Quseir”. Refere-se o rebelado às negociações de paz que estão sendo preparadas conjuntamente por Rússia e Estados Unidos, para por um fim ao conflito sírio os quais, se bem sucedidos, se constituirão em importante avanço, mas deixarão a região a muitos passos ainda para “se chegar aos finalmente”.
O êxito das negociações abrirão certamente caminhos, mas deixarão feridas de quase impossível cicatrização, a mais profunda das quais é a exacerbação da questão sectária no único torrão árabe onde o regime permanecia laico distante do domínio religioso sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos.
Esta atitude dos rebeldes é coerente com todas as posições que tomaram, sempre que eram convidados a participar de negociações. É evidente que à malta rebelde não interessa negociar, pois não tem o que dar em troca e muito menos legalidade para receber do outro lado.
Este posicionamento faz lembrar a atitude do estado sionista através de decênios. Sempre que foi pressionado para sentar à mesa o estado hebreu, ora alegou não ter com quem negociar, ora negou legitimidade àqueles que foram eleitos pela maioria dos palestinos, desdenhando legalidade a um processo democrático de legalidade comprovada.
Que o regime sírio deve reformas ao povo árabe da Síria é normal que assim seja, mas a solução está na negociação que a oposição nunca admitiu ser necessária. As negociações teriam levado, como certamente levarão, a eleições livres e supervisionadas que fatalmente não darão vitória aos rebeldes e às organizações que abusam do Islã para se juntarem contra um estado laico. Estas mesmas organizações ditas islâmicas são hoje aliadas a Estados Unidos, Europa e alguns países árabes. Fora da Síria (no Afeganistão, Iraque, Iêmen etc.) são consideradas “fundamentalistas islâmicas terroristas” e, na Síria, dignas de serem incentivadas e reconhecidas, que formam a suciata reconhecida pelos Estados Unidos e União Europeia como única “representante legítima do povo sírio”. Esta legitimidade é negada ao Hamas que ganhou, com lisura e sob inspeção internacional, as eleições na Palestina, mas não leem pela cartilha de Israel, Estados Unidos e União Europeia e não pode exercer o poder e é taxado de “organização terrorista”.
Na semana passada o presidente sírio Bachar al-Assad declarou através da rede de televisão al-Manar, do partido libanês Hizbullah, que a Síria recebeu da Rússia um primeiro carregamento do sistema de defesa aérea S-300, com outro carregamento devendo chegar horas depois. O sistema S-300 inclui toda uma série de mísseis terra-ar de longo alcance que tem como base uma versão inicial soviética e depois russa destinada à defesa contra aviões e mísseis, inclusive para interceptação de de mísseis balísticos.
Israel o considera um sistema de defesa aérea, tendo o S-300 como base, um dos mais avançados no mundo na atualidade, uma ameaça a sua segurança e declarou sua decisão de tomar medidas militares capazes de impedir o regime sírio de torná-lo operacional. De acordo com fontes diplomáticas ouvidas pelo jornal israelense Haaretz, Yaakov Amidror, Conselheiro de Segurança Nacional do estado sionista declarou que “Israel saberá o que fazer” na eventualidade de o S-300 ser transferido. Israel alegou que nenhum míssel tinha sido entregue, mas a agência de notícias Reuters declarou que está investigando a possibilidade.
O estado judeu está certo por temer a instalação do sistema na Síria, pois entre outras funções, apenas 12 de seus radares são capazes de detectar simultaneamente 100 alvos. O sistema se torna operacional em apenas 5 minutos e durante sua vida útil não requer manutenção. ‘É eficiente e eterno”, disse um perito brasileiro em armamentos e adicionou: “Há indicações que a Rússia forneceu à Síria um modelo mais avançado ainda, o S-400”.
É óbvio que os serviços secretos e de inteligência, costumeiramente chamados de “ocidentais” e que incluem o Mossad já estavam desconfiados da transferência do sistema para a Síria e não custa suspeitar que a desconfiança transformou-se em certeza enquanto o Secretário de Estado John Kerry visitava seus fregueses árabes semanas atrás. Os Estados Unidos se transformaram como num milagre em arautos da paz e procuraram a Rússia, negociaram premissas e marcaram a reunião de Genebra.
A declaração do rebelde sírio de que a oposição não irá a Genebra e não entrará em qualquer tipo de negociações enquanto perdurar o cerco à região de Quseir demonstra, sem possibilidade de dúvida, que os opositores estão ao lado de Israel. Para a oposição, Quseir é uma batalha final e para Israel a região é primordial não somente em seu posicionamento contra a Síria, mas também contra o Hizbullah. Este está, com seu engajamento em Quseir, defendendo a sua principal linha de abastecimento que vem da Rússia e do Irã e isto é o que preocupa Israel. De fato, o Hizbullah é a pedra angular na defesa da região contra forasteiros e aventureiros, causando arrepios aos inimigos ao se engajar em Quseir.
O que Israel teme é que o S-300 ou S-400, como quer nosso amigo brasileiro, seja entregue ao Hizbullah e, aí, o estado hebreu deixará de invadir diariamente o território do Líbano e da Síria e invadir os campos de petróleo e gás no leste do Mediterrâneo.
Visitem o website: http://josefarhat.com
Artigos assinados são responsabilidade do autor, não refletindo necessariamente a posição do ICArabe
O êxito das negociações abrirão certamente caminhos, mas deixarão feridas de quase impossível cicatrização, a mais profunda das quais é a exacerbação da questão sectária no único torrão árabe onde o regime permanecia laico distante do domínio religioso sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos.
Esta atitude dos rebeldes é coerente com todas as posições que tomaram, sempre que eram convidados a participar de negociações. É evidente que à malta rebelde não interessa negociar, pois não tem o que dar em troca e muito menos legalidade para receber do outro lado.
Este posicionamento faz lembrar a atitude do estado sionista através de decênios. Sempre que foi pressionado para sentar à mesa o estado hebreu, ora alegou não ter com quem negociar, ora negou legitimidade àqueles que foram eleitos pela maioria dos palestinos, desdenhando legalidade a um processo democrático de legalidade comprovada.
Que o regime sírio deve reformas ao povo árabe da Síria é normal que assim seja, mas a solução está na negociação que a oposição nunca admitiu ser necessária. As negociações teriam levado, como certamente levarão, a eleições livres e supervisionadas que fatalmente não darão vitória aos rebeldes e às organizações que abusam do Islã para se juntarem contra um estado laico. Estas mesmas organizações ditas islâmicas são hoje aliadas a Estados Unidos, Europa e alguns países árabes. Fora da Síria (no Afeganistão, Iraque, Iêmen etc.) são consideradas “fundamentalistas islâmicas terroristas” e, na Síria, dignas de serem incentivadas e reconhecidas, que formam a suciata reconhecida pelos Estados Unidos e União Europeia como única “representante legítima do povo sírio”. Esta legitimidade é negada ao Hamas que ganhou, com lisura e sob inspeção internacional, as eleições na Palestina, mas não leem pela cartilha de Israel, Estados Unidos e União Europeia e não pode exercer o poder e é taxado de “organização terrorista”.
Na semana passada o presidente sírio Bachar al-Assad declarou através da rede de televisão al-Manar, do partido libanês Hizbullah, que a Síria recebeu da Rússia um primeiro carregamento do sistema de defesa aérea S-300, com outro carregamento devendo chegar horas depois. O sistema S-300 inclui toda uma série de mísseis terra-ar de longo alcance que tem como base uma versão inicial soviética e depois russa destinada à defesa contra aviões e mísseis, inclusive para interceptação de de mísseis balísticos.
Israel o considera um sistema de defesa aérea, tendo o S-300 como base, um dos mais avançados no mundo na atualidade, uma ameaça a sua segurança e declarou sua decisão de tomar medidas militares capazes de impedir o regime sírio de torná-lo operacional. De acordo com fontes diplomáticas ouvidas pelo jornal israelense Haaretz, Yaakov Amidror, Conselheiro de Segurança Nacional do estado sionista declarou que “Israel saberá o que fazer” na eventualidade de o S-300 ser transferido. Israel alegou que nenhum míssel tinha sido entregue, mas a agência de notícias Reuters declarou que está investigando a possibilidade.
O estado judeu está certo por temer a instalação do sistema na Síria, pois entre outras funções, apenas 12 de seus radares são capazes de detectar simultaneamente 100 alvos. O sistema se torna operacional em apenas 5 minutos e durante sua vida útil não requer manutenção. ‘É eficiente e eterno”, disse um perito brasileiro em armamentos e adicionou: “Há indicações que a Rússia forneceu à Síria um modelo mais avançado ainda, o S-400”.
É óbvio que os serviços secretos e de inteligência, costumeiramente chamados de “ocidentais” e que incluem o Mossad já estavam desconfiados da transferência do sistema para a Síria e não custa suspeitar que a desconfiança transformou-se em certeza enquanto o Secretário de Estado John Kerry visitava seus fregueses árabes semanas atrás. Os Estados Unidos se transformaram como num milagre em arautos da paz e procuraram a Rússia, negociaram premissas e marcaram a reunião de Genebra.
A declaração do rebelde sírio de que a oposição não irá a Genebra e não entrará em qualquer tipo de negociações enquanto perdurar o cerco à região de Quseir demonstra, sem possibilidade de dúvida, que os opositores estão ao lado de Israel. Para a oposição, Quseir é uma batalha final e para Israel a região é primordial não somente em seu posicionamento contra a Síria, mas também contra o Hizbullah. Este está, com seu engajamento em Quseir, defendendo a sua principal linha de abastecimento que vem da Rússia e do Irã e isto é o que preocupa Israel. De fato, o Hizbullah é a pedra angular na defesa da região contra forasteiros e aventureiros, causando arrepios aos inimigos ao se engajar em Quseir.
O que Israel teme é que o S-300 ou S-400, como quer nosso amigo brasileiro, seja entregue ao Hizbullah e, aí, o estado hebreu deixará de invadir diariamente o território do Líbano e da Síria e invadir os campos de petróleo e gás no leste do Mediterrâneo.
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