“Constantino” será exibido em festival de cinema na Bulgária
O programa do MENAR é composto de cinco seleções principais: Longa Metragem, Documentário, Curta-Metragem, In Focus e Sessões Especiais. Há também eventos paralelos como exposições, concertos musicais, debates e leituras de poesia.
O diretor Otavio Cury, que levou “Constantino” em novembro ao LatinArab International Film Festival (LAIFF), em Buenos Aires, Argentina, ressalta que é muito interessante para o realizador ter acesso a outros públicos, ver como o filme é recebido por culturas diferentes. “Em cada país, o filme assume um contexto especial. A Argentina tem um histórico parecido com o brasileiro, foi destino de tantos imigrantes da mesma Homs de Constantino. Muitas famílias de sírios se dividiram entre Buenos Aires e São Paulo. Já Sofia fez parte do mesmo império otomano, que, no século XIX, ainda dominava toda a Síria e os Balcãs”, afirma.
O filme
“Constantino” registra a busca do diretor Otavio Cury pela memória de seu bisavô Daud Constantino Al-Khoury, a partir da descoberta de um livro que começou a ser escrito por ele em 1880. Daud Constantino Al-Khuory foi um dos únicos professores cristãos a ensinar na cidade de Homs, no século XIX, e ajudou a fundar o jornal “Homs”, em 1909, que existe até hoje. Seu livro viajou em manuscritos para o Brasil em 1926, junto com o professor e sua família, que imigravam para começar uma nova vida em São Paulo.
Com a morte do professor, em 1939, os manuscritos foram descobertos por acaso, em São Paulo, nos anos 60, pelo diplomata sírio Shakir Mustafá. Ministro da Informação em Damasco anos mais tarde, ele finalmente publicou o livro As Obras Completas de Daud Constantino Al-Khuory em seu país de origem: 500 páginas em árabe clássico, contendo poemas e as primeiras peças da história do teatro sírio.
Meio século depois, em 2001, Otavio Cury chegou a Damasco para uma viagem de turismo. Sobre seu bisavô, sabia apenas que ele havia sido um professor. Na única noite que passou em Homs, o acaso o levou até o livro. Otavio voltou ao Brasil com a obra e começou a traduzi-la. Em 2009, com a tradução em mãos, o diretor viajou à Síria novamente para buscar a memória do bisavô.