Falecimento do Embaixador Arnaldo Carrilho
A Diretoria do ICArabe lamenta profundamente o falecimento do Embaixador Arnaldo Carrilho, nesta quarta-feira (26), em Brasília, aos 76 anos. Externamos nossa gratidão por sua inestimável contribuição ao debate plural e à promoção da solidariedade entre os povos e nos solidarizamos com sua família neste momento de dor. Progressista, amigo das causas justas e revolucionárias em todo o mundo, Carrilho foi o primeiro embaixador do Brasil em Ramallah (sede administrativa da Autoridade Palestina, na Cisjordânia).Carrilho também foi embaixador do Brasil na República Popular Democrática da Coreia (RPDC), no Vietnã e muitos outros países. Em 47 anos de carreira no Ministério de Relações Exteriores (Itamaraty), viveu 37 no exterior, incluindo 12 no mundo islâmico e 10 na Ásia, enquanto abriu cinco estabelecimentos diplomáticos: Jeddah, na Arábia Saudita, Berlim Oriental, Bissau, Praia, e Pyongyang. Foi designado embaixador extraordinário junto à cúpula América do Sul – Países Árabes, uma iniciativa emblemática na lógica da cooperação Sul-Sul da diplomacia brasileira e latino-americana. Seus esforços foram fundamentais no relacionamento do Brasil com a Palestina, tendo sempre muito respeito e consciência da importância do apoio à luta pelo Estado Palestino.
Defensor ativo do cinema brasileiro no exterior, Carrilho ficou bastante reconhecido no âmbito nacional por essa atuação. Era amigo dos principais diretores do Cinema Novo, o movimento que renovou a estética audiovisual brasileira nos anos 1960, e promoveu na Europa as experiências de linguagem feitas por diretores como Glauber Rocha, Paulo Cézar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade.
De 2001 a 2003, Carrilho assumiu a direção da RioFilme, a distribuidora municipal que cumpriu importante papel para a sustentação da produção cinematográfica nacional nos primeiros anos da Retomada. Sob sua gestão, a empresa lançou uma das safras de filmes mais elogiada de toda a sua trajetória de 20 anos, incluindo aclamados longas-metragens como “Lavoura arcaica” (2001), de Luiz Fernando Carvalho, e “Filme de amor” (2003), de Julio Bressane. O Festival de Brasília de 2003 foi dedicado ao diplomata.
Colaborador valoroso do ICArabe, participou de cursos e palestras promovidos pelo Instituto, apresentando sempre sua visão solidária à autodeterminação dos povos e contra as injustiças.