Ensino musical na Tunísia
Na cidade de Sfax, por exemplo, que fica há 300 km da capital, tive contato com jovens músicos, entre 16 e 22 anos, que possuem conhecimento pleno daquele estilo musical e o executam de forma divina, coisa que não encontrei em outros países árabes.
Por esse motivo, até entre os outros países árabes, o músico tunisiano leva a marca de estar entre os melhores músicos no meio da música árabe.
E também o público tunisiano em geral é ouvinte e profundo conhecedor desse estilo, o que torna maior a responsabilidade de quem se apresenta lá.
Até em festas de casamento essa cultura musical é observada. As bandas que se apresentam normalmente começam com peças instrumentais clássicas, passam para o estilo “tarab”, que são aquelas músicas mais ricas em melodia e letra, e finalizam com músicas populares da Tunísia. Lembrando que me refiro a uma festa de casamento.
O que mais me surpreendeu é como jovens de todas as cidades, conhecem e apreciam o repertório antigo. Seria como se aqui no Brasil jovens de 13, 14, 15 anos, tivessem profundo conhecimento da obra de Chico Buarque ou Tom Jobim , por exemplo, ou até mesmo de compositores mais antigos. Raouf Jemni, meu colega no Duo 156 Cordas, é um dos expoentes dessa nova geração, um virtuoso no qanoun, instrumento árabe de cordas que o tornou conhecido em seu país ainda na infância.
Assistam aqui uma apresentação da orquestra dos alunos, realizada no mês de fevereiro de 2016.
Claudio Kairouz é músico, especialista em música árabe e integrante do Duo 156 Strings.