Artigo: Vida em refúgio, de Karine Garcez
Por Karine Garcez, fotógrafa, estudante de Relações Internacionais na Faculdade Stella Maris, em Fortaleza, Ceará, Brasil. E-mail: karineggarcez@gmail.com
Fotografar é congelar um lapso de tempo, encher-nos de sauda- de pela memória registrada, eternizar um rosto que não queremos esquecer jamais. São tantas as possibilidades na ação de fotogra- far que não há como relacionar todas. Assim foi minha relação com a fotografia, quando comecei, porque o que me motiva é uma mistura de tantos sentimentos que não consigo explicar.
Essa relação iniciou-se em outubro de 2012 quando viajei à Árabia Saudita. Naquele momento, realizei um dos pilares da minha fé islâmica, o Hajj1, peregrinar em torno da Kaaba2, repetir os passos dos profetas Adão, Abraão e Mohamad. Queria congelar essa ação, mas, como estudante de Relações Internacionais ainda sem conhecimento técnico da fotografia, pensei além, pensei no registro das inúmeras culturas ali reunidas, expressas em 3 milhões de pessoas, todas fazendo a mesma ação, porém carregadas com suas histórias sociais, econômicas, culturais.
- Hajj é o nome da peregrinação que milhões de muçulmanos fazem todos os anos até a cidade de Meca, na Arábia Saudita. O ritual histórico de desapego, arrependimento e reflexão é um dos cinco pilares da religião islâmica – junto com o testemunho, a reza, a esmola e o ramadã. O Hajj (que significa “peregrinação” em árabe) é uma obrigação para todo muçulmano que tem condições financeiras e físicas de empreender a viagem. Isso inclui as mulheres, mas elas só podem ir acompanhadas de um grupo de outras mulheres ou de um homem. Essa caminhada histórica remonta ao profeta Abraão e reúne milhões de fiéis.
- Kaaba é o local mais sagrado no Islã e é a qibla, a direção para a qual os muçulmanos se voltam quando oram. É chamada de Kaaba por causa de sua forma – cubo, na língua árabe, é ka’b. Às vezes, a Kaaba é chamada Al Bait Al Atiq ou a casa emancipada. Adão construiu a Kaaba, mas, ao longo de muitos séculos, ela ficou em ruínas e ficou perdida no tempo, para ser reconstruída pelo profeta Abraão e seu filho Ismael.
A fotografia se foi desenhando em minha mente, colocando-me o desafio de fundi-la às Relações Internacionais. Sem o conhecimento do fotografar, mas com o olhar movido pela mente e o coração, aceitei esse desafio. Esse desafio me levou à Faixa de Gaza em novembro de 2012, onde consegui algumas aulas com um fotojornalista Hosam Saleh , professor da Universidade de Gaza, considerado um dos melhores da região, com prêmios internacionais.
Em 2014 e 2015, viajei para Síria, Líbano e Turquia, desta vez com um pouco mais de conhecimento sobre a arte de fotografar e a cultura local, importante para que possamos ter mais flexibili- dade de trabalho. Isso me trouxe a reflexão sobre o que se mostra do Oriente Médio, o que se apresenta sobre refugiados – sempre a mesma linguagem de espetacularização da dor, das tragédias.
Não, eu não queria o mesmo. Queria, por meio da fotografia, congelar olhares que pudessem me contar sua história, sua digni- dade; e as crianças têm sempre mais a dizer e expressar. São as principais vítimas da espetacularização, da violência, da miséria humana; dão-nos de graça sorrisos, vida, futuro e nos contam, por meio das suas expressões, que a tragédia pessoal não lhes tirou a inocência. Meu desafio era esse: meus estudos sobre Relações Internacionais, fotografia e a cultura desses povos trazia o dever de congelar, de denunciar, de transformar em arte a minha dificul- dade de expressar em letras tudo o que via e sentia.
O apoio dado pela organização Al Wafaa Campaign para as viagens me permitiu acessar lugares ermos que os organismos internacionais não conseguem alcançar, enriquecendo toda essa experiência e busca de conhecimento.
O resultado desse desafio foi o projeto Infância Refugiada, que apresenta ao público uma realidade da qual a maioria se sente tão distante. Quebrar os paradigmas acerca dos refugiados, tornar os olhares mais humanos. Por meio desse projeto, eu queria que as pessoas voltassem para suas vidas cotidianas, levando consigo um pouco de cada olhar, sorriso, expressão e histórias.
Fotografar é escrever com a luz; ser criança é a expressão do amor, da prosperidade. Isso nos leva a esse novo ensaio, de uma vida sobre múltiplos refúgios, vida cotidiana da população palestina.
A partir do fim da Primeira Guerra Mundial, com a implantação do protetorado britânico e da Declaração Balfour, que completou 100 anos em 2 de novembro de 2017, intensificou-se a coloniza- ção de terras palestinas por parte do movimento sionista. A partir de então, começou o deslocamento da população árabe nativa, o qual se intensificou após a votação e aprovação da recomendação da partilha da Palestina, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 29 de novembro em 1947.
Em 1948, o Estado de Israel foi criado mediante a expulsão de 800 mil palestinos de suas terras e a destruição de mais de 500 aldeias. Isso levou à mais longa situação de refúgio da era contem- porânea: a dos palestinos. Hoje são mais de 5 milhões de palesti- nos refugiados, somente no mundo árabe. Dentro do seu próprio território, são aproximadamente 3,5 milhões de pessoas, distribuí- das em 59 campos na Cisjordânia, Faixa de Gaza, Líbano, Síria e Jordânia, recebendo tratamento diferenciado em cada um desses países, em relação aos seus direitos.
No Líbano, onde há maior restrição com relação a trabalho e estudo, os palestinos não conseguem se nacionalizar e recebem apenas documentos de viagem. Vivem sufocados em campos de refugiados, que não podem se expandir. Diferentemente dele, na vizinha Síria, os palestinos tinham direitos civis iguais aos nacio- nais, podendo participar dos serviços públicos e mesmo servir o exército, entre outras liberdades. Isso até a eclosão do conflito na Síria. A partir daí, foram obrigados a buscar um novo refúgio, o qual representa, em muitos casos, um terceiro ou quarto refúgio, negado na maioria das vezes. Muitos são obrigados a viver como ilegais nos países vizinhos, sem qualquer proteção de organismos internacionais. O campo de Chatila, zona sul de Beirute, já precário, sofre com o inchaço de mais de 2 mil palestinos que fugiram da Síria em busca de novo refúgio.
O Oriente Médio é o centro das disputas geopolíticas, ligadas principalmente ao petróleo. Ali se cruzam, em grande parte, os inte- resses econômicos mundiais, que definem as relações de poder. Em 2010, os projetos imperialistas de mudança de regime (regime change) se iniciam, sendo batizados pelo ocidente de “Primavera Árabe”. Esses projetos dos Estados Unidos da América (EUA) previam troca de grupos políticos tradicionais por novos aliados e patrocinaram manifestações nos principais países do Oriente Médio e do Norte da África (o Magreeb), derrubando a ditadura militar de Hosni Mubarak, que governou o Egito por 40 anos. Dessa manei- ra, foram realizadas as eleições que levaram ao poder Mohammad Mursy, para depois derrubá-lo com um novo e mais sangrento golpe militar, que fez Abdel Fatah Al Sisi ascender ao poder.
A situação também se agravou no Iraque. Houve intensifica- ção da instabilidade provocada pela política estadunidense da “mudança de regime”, com a ampliação das intervenções dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), direta- mente e em operações da proxy war – a guerra por procuração. Nessa situação, grupos locais são formados, patrocinados, arma- dos e treinados pelas potências para a difusão do terror, a conquis- ta de territórios e a destruição de monumentos históricos, livros e documentos antiquíssimos, tornando impossível a pesquisa de reconstituição da história daquela região, a mais antiga do mundo.
O grupo proxy predominante no Iraque foi o Dawla Islamiya fi il-Iraq wa Asham (Daesh) – trata-se de diversas células com milha- res de combatentes recrutados entre mercenários internacionais e o que sobrou da Al Qaeda no Iraque. O Daesh integra a campanha mundial, também patrocinada por movimentos colonialistas, da islamofobia. Sob a justificativa de instaurar um califado nos terri- tórios do Iraque e da Síria, o Daesh tomou cidades importantes nesses dois países, dominando a produção e a venda do petróleo extraído nas regiões sob seu controle.
Da tática do regime change também foi vítima a Líbia, cujo presi- dente, Muammar Kadafi, tornou-se persona non grata às potências ocidentais, ao iniciar campanha por moeda própria e unificada no continente africano, desvinculada do dólar e do petrodólar. Com um sistema bancário independente daquele imposto ao mundo, a Líbia tornou-se alvo preferencial das potências imperialistas que, investindo em grupos armados de oposição a Kadafi, destruíram o país, hoje fragmentado e palco de disputa por diversos grupos terroristas e mafiosos.
A Turquia surge nesse contexto da “Primavera Árabe” em situa- ções sempre ambíguas. No caso em que o Egito apoia os grupos de oposição que defendiam o mandato democrático de Mohamad Mursy, a Turquia respeitou a decisão popular das urnas e o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Em outros casos, demonstra ter seu calcanhar de Aquiles na questão curda, que projeta no conflito na Síria e no Iraque grande chance de conquista da independência, apesar de ser um movimento extremamente fragmentado inter- namente e com ligações diretas com os EUA e Israel em algumas regiões.
O governo turco, que recentemente se aliou à Rússia, precisa defender suas fronteiras, muitas vezes utilizadas pelos terroristas do Daesh para o trânsito de armas e mercenários recrutados na Europa. A Turquia também tem necessidade de barrar o fortaleci- mento dos grupos militares curdos em seu território, hoje sob seu domínio e alvo de atentados terroristas, assim como de atender aos seus outros interesses como potência regional, mantendo a unidade do país. Para cuidar dos 2 milhões de refugiados abriga- dos no país, os desafios são enormes; as contradições, também.
O presidente Bashar Al Assad tem apoio do Irã, da Rússia, da China e do partido libanês Hezbollah e se mantém no poder, representando o fortalecimento da unidade política que o levou à presidência, ao contrário da oposição extremamente fragmenta- da e sem apoio popular, principalmente após sucessivos avanços das forças do governo, que retomaram o controle de importantes áreas do país. Lembremos que estamos aqui falando em geopolí- tica. As questões dos direitos humanos, tanto de um lado como de outro, não caberiam nessas poucas linhas traçadas.
Como saldo do conflito sírio que se estende por 6 anos, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais da metade da população síria encontra-se refugiada, há milha- res de mortes e 23% da sua população foi deslocada internamente, o que gerou uma nova busca de refúgio pela população palestina, que integrava a sociedade do país, distribuída nos campos de refu- giados de Yarmouk, Qabr Essit, Sbeineh, Khan Eshieh, Jaramama, Al Daraa e Khan dunoun em Damasco; Sweida, Latakia (campo não oficial), Hama, Ein Al-Tall e Neirab em Aleppo; Al-Hur e
Al-Tanf, no deserto sírio. Somente no campo de Yarmouk, locali- zado na periferia de Damasco, uma localização estratégica utiliza- da por vários grupos para tentar a tomada e o controle da capital, viviam mais de 160 mil palestinos, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Hoje não passam de 18 mil, espremidos e totalmente vulneráveis aos ataques de ambos os lados. A situação humanitária desses que estão presos em campos de refugiados é catastrófica – fome, misé- ria, sem acesso a água potável, segurança ou saúde.
Mas, o que é ser refugiado? Segundo definição do ACNUR, refugiados: são pessoas que escaparam de conflitos ar- mados ou perseguições. Com frequência, sua situação é tão perigosa e intolerável que devem cruzar fronteiras internacionais para buscar segurança nos países mais próximos, e então se tornarem um “refugiado” reconhecido internacionalmente, com o acesso à assistên- cia dos Estados, do ACNUR e de outras orga- nizações. São reconhecidos como tal, preci- samente porque é muito perigoso para eles voltar ao seu país e necessitam de um asilo em algum outro lugar. Para estas pessoas, a negação de um asilo pode ter consequências vitais. O direito internacional define e protege os refugiados. A Convenção da ONU de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e seu proto- colo de 1967, assim como a Convenção da OUA (Organização da Unidade Africana) – pe- la qual se regularam os aspectos específicos dos problemas dos refugiados na África em 1969 – ou a Declaração de Cartagena de 1984 sobre os Refugiados continuam sendo a cha- ve da atual proteção dos refugiados. (ACNUR, 2015, [sem paginação]).
Além dos refugiados, temos outro conceito a ser explorado: o de deslocados internos, em inglês, Internally Displaced Persons (IDPs). Esses são pessoas que permanecem em seu país, mas em outras áreas que não as que originalmente viviam. Tendo que abandonar seus locais de origem pelas mesmas razões dos demais refugiados (conflito armado, violência generalizada, violações de direitos humanos), devem ter assegurada sua proteção legal.
O mandato original do ACNUR não ampara os deslocados internos especificamente, mas por conta das suas competências em desloca- mento, a agência vem há muitos anos pres- tando assistência para milhões dessas pes- soas, mais recentemente através da estraté- gia de abordagem sectorial (cluster approach, em inglês) estabelecida pela ONU. Sob essa estratégia, o ACNUR possui o papel principal na supervisão das necessidades de proteção e abrigo dos deslocados internos e na coor- denação e gerência dos campos. (ACNUR, [2015?], [sem paginação]).
Esses conflitos que surgiram no Oriente Médio, decorrentes das estratégias de mudança de regime batizada de “Primavera Árabe”, e outros que se intensificaram no mundo geram a maior crise humanitária deste século com 65,9 milhões de pessoas deslocadas, segundo o relatório Global Trends, lançado no Dia Internacional do Refugiado, em 20 junho de 2017, pelo ACNUR.
“De acordo com esse relatório, são 2,8 milhões de solicitantes de refúgios, pessoas que aguardam documentos nos pontos de entrada de diversos países“, 40,3 milhões de deslocados internos e 22,5 milhões de refugiados, dos quais 17,5 milhões foram regis- trados pelo ACNUR e 5,3 milhões de palestinos, registrados pela UNRWA. Os países que mais receberam refugiados, conforme o relatório, são Turquia com 2,9 milhões, Paquistão com 1,4 milhões, Líbano com 1 milhão. Até 2010, o Afeganistão era o país que mais gerava refugiados com 2,5 milhões de pessoas; no entanto, foi superado pelo conflito na Síria que gerou 5,5 milhões de refugia- dos. Temos ainda o Sudão do Sul que ocupa a terceira posição no ranking de países que mais geram refugiados, com 1,4 milhões.
A crise humanitária gerada nesse século afeta mais as crianças – temos 75 mil crianças desacompanhadas em busca de refúgio. Essas crianças não sabem onde estão seus familiares, tendo se perdido durante a fuga, ou seus familiares foram mortos e elas ficaram vulneráveis às mais diversas situações de perigos, tornan- do-se alvos fáceis dos traficantes de seres humanos, para explora- ção sexual e/ou trabalho escravo.
Inserida nesse contexto que envolve geopolítica, relações internacionais, fotografia e religião, está uma mulher muçulmana e cearense, que milita pelas causas dos povos oprimidos. Ela relembra a luta do povo sertanejo do Nordeste brasileiro, quando das estações de seca extrema na região, agravadas pela falta de políticas públicas, que obrigavam muitos a migrar em busca de uma chance melhor de vida, enchendo as cidades e vivendo em condições similares aos campos de refugiados nas proximidades dos centros urbanos.
Esses seres humanos, apesar dessas condições adversas e longe de suas terras de origem, contribuíram para o desenvolvi- mento das regiões Sul e Sudeste do Brasil e foram explorados, como somos até hoje. Essas histórias do oriente e do ocidente se cruzam, sem que suas fronteiras estejam ligadas nem divididas por muros e cercas físicas – os muros e as cercas são invisíveis.
Esse ensaio, portanto, emerge dos olhares e sorrisos dessas pessoas, dos lugares onde se abrigam na Síria, Turquia e Líbano.
Foto 1: Encontrei essa criança na rua, tremendo de frio. Pensei ser alguma criança desacompanhada. Vencendo a barreira da língua, ele me levou até sua casa, em uma área industrial abando- nada da cidade. Vivem da coleta de material reciclado. São palesti- nos sírios, ou seja, pessoas pertencentes a famílias palestinas refu- giadas, que nasceram na Síria. Gaziantep, Turquia, 2014.
Fotos 2 e 3: Esse é um dos campos de refugiados que forma o complexo do Campo de Yarmouk, região da periferia de Damasco, onde ocorreram ataques intensos de ambos os lados, na tentati- va de tomada da cidade pelos grupos de oposição, por terroristas e pelas Forças Nacionais do Governo, para manter o controle de Damasco. Yarmouk, Damasco, 2015.
Foto 4: Uma das entradas de um dos campos que formam o grande Campo de Yarmouk, região periférica de Damasco. Crianças retornavam da escola ao final da tarde. Yarmouk, Damasco, 2015.
Fotos 5 e 6: Escola da UNRWA transformada em abrigo, para refugiados palestinos sírios. Essas pessoas foram retiradas de áreas em confronto. Dummar, 2015.
Fotos 7 e 8: Distribuição de alimentos em um dos campos que forma o Campo de Yarmouk, na região periférica de Damasco. A família me pediu para fazer fotos deles, principalmente da criança, que me observava de longe, acenando na tentativa de chamar a atenção. O sorriso dele quando respondi ao seu chamado foi dos mais lindos. Síria, 2015.
Foto 9: Realizamos 3 dias de distribuição de comida para deslocados internos na Síria. Essa é uma região de campos de refugiados palestinos, que formam o Campo de Yarmouk. Era o último dia de distribuição e não iríamos conseguir atender a todos que estavam ali necessitando. Por questão de segurança, muda- ram o portão de entrega para essa área que forma um corredor, ao lado da mesquita e de algumas residências. Esse dia foi muito tenso: as caixas acabaram e as pessoas que não foram atendidas entraram em desespero, querendo invadir o local. Para elas, aque- la era a única chance de obter alimento, não havendo previsão de outro comboio. Saímos escoltados do local. Síria, 2015.
Foto 10: Campo de refugiados no Vale do Bekkah, em uma região agrícola. Por questões legais, o governo libanês não permi- te a instalação de campos de refugiados. Muitos se instalam em terrenos de fazendas da região, por meio de aluguel do espaço, ou em casas de cidadãos libaneses que recebem as pessoas em fuga da Síria. Os campos não têm nenhuma estrutura de saneamento nem permitem acesso à água potável. De acordo com a necessi- dade dos donos dos terrenos, os refugiados precisam se deslocar para outro local, constantemente. Vale do Bekkah, Líbano, 2015.
Foto 11: Refugiada síria, em um campo temporário no Vale do Bekkah. Vale do Bekkah, Líbano, 2015.
Foto 12: As crianças são um grande número entre os refugia- dos, representando mais da metade da população nessa condição. Vale do Bekkah, Líbano, 2015.
Foto 13: Crianças em uma escola na região do Campo de Yarmouk, na Síria. Essa escola virou abrigo para as pessoas deslo- cadas internamente. Yarmouk, Síria, 2015.
Foto 14: Campo de refugiados no Vale do Bekkah. Vale do Bekkah, Líbano, 2015.
Foto 15: Campo de refugiados palestinos na cidade de Saïda. Esse é um dos campos históricos, que surgiram da expulsão dos palestinos para implantação do projeto sionista ou do confisco de terras palestinas pela entidade sionista. Saïda, Argélia, 2015.
Foto 16: Uma das ruas do campo de refugiados de Sabra, na zona Sul de Beirute. É um dos campos históricos de refugiados palestinos. Nesse campo, na década de 1980, quando Israel inva- diu o Líbano, foi realizado um massacre, conhecido como massa- cre de Sabra & Chatila. As ruas são becos, em alguns pontos passa uma pessoa apenas. O campo cresceu em população, mas não pode avançar em área territorial, exprimindo-se nas ruas, avan- çando-se para cima. No verão, o calor que já é insuportável gera vítimas fatais, principalmente entre os mais idosos, devido à falta de ventilação. Beirute, Líbano, 2015.
Foto 17: O texto em francês significa “Tenho o direito de viver em um ambiente agradável e limpo”. Escola UNRWA , Dummar, Síria, 2015.
Foto 18: Visita a um campo de refugiados na periferia de Beirute, no Líbano. Esse campo também faz parte dos campos históricos palestinos, que nasceram em 1948, 1963, 1970 e no decorrer das invasões sionistas aos territórios palestinos para expansão. As crianças amam fotografia e não escondem isso. Elas correm em nossas direções, ficam no meio de tudo para saírem nas fotos. Beirute, Líbano, 2015.
REFERÊNCIAS
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*Artigo publicado originalmente na revista Tensões Mundiais