Cátedra Edward Saïd promove palestra sobre Avicena e a medicina árabe no Renascimento Italiano

Ter, 26/09/2017 - 00:28

 

O ciclo "O Oriente: Identidades e Idealizações", organizado pela Cátedra Edward W. Said, uma parceria entre Unifesp e ICArabe, promoveu nesta segunda-feira, 25 de setembro, mais uma palestra. Desta vez, com o Prof. Eduardo Kickhofel, do Departamento de Filosofia da EFLCH/Unifesp, sobre o tema "Medicina Árabe e Artes no Renascimento italiano". A Cátedra é uma parceria entre a Unifesp e o ICArabe.

O palestrante explicou que no início do Renascimento Italiano a arte estava relacionada ao conhecimento, ao ofício e a técnica. Discorreu sobre as perspectivas para escultores e pintores, ciências em artes e em representações, como por exemplo, a utilização da matemática. Também falou sobre a diferença entre a arte árabe e italiana. “No início do Renascimento Italiano, as obras de artes eram consideradas um ofício e não estética”, frisou.

Ao abordar o médico e filósofo árabe Avicena (c.980-1037), que foi um dos pensadores islâmicos mais importantes no Ocidente, começando a ser lido na Europa nos séculos 17 e 18, o estudioso explicou que seus livros foram traduzidos para o latim e falou como ele influenciou o movimento do Renascimento italiano. “Famoso como médico, foi citado por Mondino de Liuzzi em seu Tratado de Anatomia, escrito em Bologna por volta de 1316, e sua influência foi sentida até meados de XVI.”

Avicena também foi lido por escultores e pintores florentinos do século XV. Lorenzo Ghiberti, artífice maior do Renascimento italiano e autor de duas principais portas do Batistério de Florença cita o Cânone de Avicena no fim de seu tratado “Os comentários” e Leonardo da Vinci fez uso de suas palavras e teorias de Avicena em seus estudos de Anatomia, aos quais ele conhecia sobretudo de edições latinas e italianas do Tratado de Mondino. Assim fontes da época atestam a influência de Avicena em grandes artífices de Florença cidade que no século XV era o centro da cultura italiana e europeia.

Kickhofel ainda explicou que a cultura árabe não relacionava teologia e filosofia no início. Apresentou imagens do renascimento italiano e as obras do filósofo árabe que abordavam a anatomia e a dissecação, entre outros.

O Prof. Kickhofel saudou a iniciativa de promover uma palestra sobre o tema. “É muito importante a cidade ser multicultural e contemporânea, ter acesso a formas de saber. Os árabes foram importantes e influentes na formação ocidental, apesar de não terem ostentado isso’’, finalizou Kickhofel.