Série de verbetes informativos sobre os árabes: Muxarabis
Conheça o sexto verbete da série informativa do ICArabe sobre o mundo árabe: Muxarabis. A proposta é oferecer uma visão aprofundada e precisa sobre o mundo árabe, combatendo estereótipos e distorções. A iniciativa está em sintonia com a missão do Instituto de promover conhecimento de forma criteriosa, contribuindo para uma sociedade mais bem informada e consciente.
Muxarabis
Muxarabis são elementos arquitetônicos tradicionais formados por treliças de madeira entalhada, utilizados para cobrir janelas, varandas ou sacadas. Sua estrutura permite a entrada controlada de luz e ar, promovendo ventilação natural e conforto térmico, enquanto preserva a privacidade dos ambientes internos. Do interior, é possível observar o exterior, mas não o contrário. A palavra vem do árabe mashrabiyya (مشربية), que por sua vez deriva de sharaba, “beber” - aludindo ao antigo costume de colocar jarros d’água junto à janela para resfriar o ar por evaporação.
Esses elementos surgiram no Oriente Médio a partir do século XII e difundiram-se amplamente durante a expansão islâmica. Devido à presença moura na Península Ibérica, influenciaram a arquitetura portuguesa e, posteriormente, chegaram ao Brasil no período colonial. Tornaram-se comuns especialmente no Nordeste, no entanto, caíram em desuso após a chegada da Família Real em 1808, quando os ideais neoclássicos europeus passaram a prevalecer.
Também conhecidos como moucharabieh (francês), mashrabiya (inglês), kafes (turco), celosía árabe (espanhol), shanshūl e rūshān (árabe regional), os muxarabis seguem sendo valorizados tanto por sua função climática e estética quanto por seu valor cultural, sendo usados em projetos contemporâneos como símbolo da harmonia entre tradição e inovação.
Patrícia El-moor
Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília, onde também concluiu seu Bacharelado e Mestrado. Com ampla experiência em políticas públicas, atuou como pesquisadora bolsista no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), além de ter sido assessora de pesquisa nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) e na Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Desde 2017, coordena as atividades culturais do Instituto de Cultura Árabe Brasileira (Icab DF). Especialista em temas ligados ao mundo árabe, especialmente à presença moura no Brasil e na América do Sul, Patrícia também é professora de Dança Flamenca. Sua conexão pessoal e profissional com o sul da Espanha, berço da influência de al-Andalus, fortalece sua pesquisa sobre essa herança. Desde 2010, desenvolve o projeto virtual independente “Presença Árabe no Brasil”, presente nas redes sociais Instagram (@presencaarabe) e Facebook. O projeto investiga a influência da cultura árabe no Brasil, abordando tanto a imigração árabe quanto a contribuição indireta dos ibéricos na formação da identidade nacional brasileira.