Homenagem ao poeta Adonis marca mesa sobre a cultura árabe na Fliporto
Ausência mais sentida da Fliporto, o poeta Adonis, que não viajou a Olinda por motivo de saúde, foi lembrado e homenageado na mesa "Faces da poesia: literatura e identidade árabe", quarta atração de domingo no festival.
Ali Ahmad Said Esber é considerado hoje o maior poeta árabe vivo. Mais conhecido como Adonis, pseudônimo que se refere ao deus de origem fenícia, símbolo da renovação, ele é constantemente citado entre os prováveis ganhadores do Prêmio Nobel. Infelizmente, jamais teve um livro traduzido no Brasil, apenas poemas publicados em revistas de literatura e sites.
Quem participou da mesa foi justamente o seu tradutor brasileiro, o também poeta Michel Sleiman. Ao começar sua fala, Sleiman explicou a importância de Adonis:
"Ele reinventou as metáforas e os ritmos, e deu às costas para as rimas e métricas".
Em seguida, o tradutor leu um trecho do longo poema Tumba de Nova York, escrito em 1972, no qual há influências de Garcia Lorca e T. S. Eliot e versos como estes:
"Os prisioneiros. os errantes, os desesperados/ Precipitam-se da sua garganta".
Quem também participou da conversa foi o escritor Milton Hatoum, um dos mais importantes do cenário brasileiro atual, que inicou dizendo ter nascido "num pequeno Líbano cabloco", a cidade de Manaus. Filho de libanês e brasileira, contou que em criança lia tanto o Corão como a Bíblia. Hatoum lamentou não saber falar a língua árabe perfeitamente, mas salientou a importância dessa cultura para obras tão díspares como o Quixote, de Cervantes, e dois clássicos brasileiros: Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
"Em meus dois primeiros romances, Relato de um certo oriente e Dois irmãos, há personagens libaneses e toda uma armosfera árabe", contou o escritor.
Fonte: http://pp1-cultura.blogspot.com/2010/11/homenagem-ao-poeta-adonis-marca-mesa.html