Exposição de fotos mostra cotidiano de refugiadas
“Conheci muitas histórias de vida que chamaram a minha atenção e achei que seria egoísmo reter essas histórias comigo”, afirma a realizadora do projeto, a advogada Gabriela Cunha Ferraz, que trabalhou em atividades ligadas aos refugiados no Brasil e em organização humanitária no exterior.
Em parceria com o amigo e fotógrafo Victor Moriyama, ela resolveu montar a exposição com o intuito de sensibilizar os brasileiros para o tema através da arte. “Provocar uma reflexão sobre a questão de gênero no refúgio”, afirma sobre os seus objetivos.
De acordo com Ferraz, há muitas mulheres e crianças entre os refugiados e ela quis fazer um recorte disso para influenciar a construção de políticas públicas na área. Segundo a advogada, um dos grandes desafios no refúgio feminino é o mercado de trabalho. “A primeira palavra que elas aprendem é limpeza”, afirma, sobre as estrangeiras recém-chegadas no Brasil.
Raramente as refugiadas conseguem colocações profissionais nas suas áreas e acabam sendo buscadas para faxina, mesmo com outras capacitações. Ferraz cita refugiadas que conheceu com profissões como antropóloga, professora de inglês, pedagoga, diretora de universidade e advogada. “Elas têm dificuldade de reconhecimento profissional”, afirma.
Outra dificuldade do cotidiano feminino é a falta de políticas públicas para elas como mães. Ferraz afirma que conhece apenas um projeto de acolhimento de mulheres com seus filhos. A advogada opina que deveria haver espaços voltados para essas mulheres e outras iniciativas, como assistência social e educação.
“Representando aproximadamente 30% das pessoas refugiadas no Brasil, a mulher refugiada acaba herdando a invisibilidade já habitualmente experimentada pelas mulheres, fazendo com que suas dificuldades sejam menos ouvidas, suas particularidades desrespeitadas e sua feminilidade ignorada”, diz um trecho do texto de divulgação da exposição.
Além da exposição de fotos, haverá dois espaços para debate sobre o tema. O primeiro na abertura da exposição, no dia 07, às 19 horas, quando estarão presentes a realizadora do projeto, o Secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, o representante da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) no Brasil, Agni Castro Pita, e a nigeriana Nkechinyere Jonathan.
O outro debate vai ocorrer no dia 18 de março, também às 19 horas, no local da mostra. Tanto a exposição quanto a participação nas conversas sobre o tema são gratuitas. A exposição fica aberta até o final de março, mês da mulher, das 10 às 22 horas. Depois de São Paulo, a mostra deve ir para o Rio de Janeiro a partir de 05 de abril. Ainda não há local definido.
Ferraz, 34 anos, trabalhou com o tema do refúgio e da migração na República Democrática do Congo, em uma organização humanitária internacional entre 2011 e 2012. De volta ao Brasil, atuou como advogada na acolhida a refugiados em uma organização social e atualmente trabalha em Brasília no setor público.
Serviço:
Exposição fotográfica Vidas Refugiadas
Fotos de Victor Moriyama
Projeto de Gabriela Cunha Ferraz
No mês de março, a partir do dia 07
Das 10 às 22 horas
Na FNAC, Avenida Paulista, 901 – São Paulo – SP
Entrada gratuita