Em carta, Roger Waters pede que Caetano e Gil cancelem shows em Israel
Na internet, a filial brasileira do BDS está por trás de um movimento chamado "Tropicália não combina com apartheid", que já coletou mais e 10 mil assinaturas pelo boicote dos concertos.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as assessorias de ambos informaram que o show será mantido e, por ora, eles não comentaram o caso. Na carta datada de 22 de maio, o compositor britânico recorda o “ataque brutal de Israel à população palestina de Gaza”, quando mais de 2.200 palestinos – a maioria civis – morreram na operação israelense “Margem Protetora”, que durou 70 dias em meados de 2014.
Ativista da causa palestina, Waters já incentivou outros artistas anteriormente para não se apresentarem em Israel. No fim de abril de 2015, ele fez um apelo ao cantor pop britânico Robbie Williams, afirmando que um show no país liderado por Benjamin Netanyahu seria um “endosso a uma política racista fatal”. Em julho de 2014, o cantor canadense Neil Young também foi procurado pelo ex-Pink Floyd. Em meio à escalada de conflito em Gaza, o artista acabou cancelando a apresentação.
Se ainda não surtiu efeito em relação ao dois artistas brasileiros, a pressão resultou em bons frutos para a campanha da BDS com nomes itnerncionais: no último mês, a cantora norte-americana Lauryn Hill cancelou o show que faria em Tel Aviv por não conseguir agendar data para concertos também em territórios palestinos. No passado, outros artistas como Elvis Costello e Carlos Santana também desmarcaram apresentações em Israel, depois de intensa pressão de grupos pró-palestina.
Em sua carta, Waters recorda dezenas de artistas internacionais que, “preocupados com direitos humanos na África do Sul do apartheid”, se recusaram a tocar na nação à época. “Aqueles artistas ajudaram a ganhar aquela batalha e nós (...) vamos ganhar esta contra as políticas similarmente racistas e colonialistas do governo de ocupação de Israel. Vamos continuar a pressionar adiante, a favor de direitos iguais para todos os povos da Terra Santa”, escreveu.
“Quanto tudo isso acabar, nós iremos à Terra Santa, cantaremos nossas músicas de amor e solidariedade, olharemos as estrelas pelos galhos das oliveiras e sentiremos o cheiro de madeira queimando das fogueiras de nossos anfitriões e estimaremos essa lendária hospitalidade. Mas, até que isso termine, até que todos os povos sejam livres, nós vamos fincar nosso emblema na areia”, acrescentou Roger Waters na carta para Caetano e Gil.
Leia aqui a íntegra da carta.