Em nova carta, Roger Waters insiste que Caetano e Gil não toquem em Israel

Qui, 11/06/2015 - 22:30
Após divulgar uma primeira carta em 22 de maio, o músico britânico Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, divulgou outro texto em que insiste para que Gilberto Gil e Caetano Veloso cancelem um show da turnê conjunta em Israel, que será no dia 28 de julho.

A organização BDS (“boicote, desinvestimento e sanções”) pressiona Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos. Também promove o abaixo-assinado “Tropicália não combina com apartheid”, contra o show de Gil e Caetano em Israel, que tem mais de 12.486 assinaturas. A meta é 15 mil.

O Instituto da Cultura Árabe divulgou nota de repúdio à decisão dos cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso de realizar a apresentação em Israel. O ICArabe apoia o Comitê Nacional Palestino da BDS (campanha global de Boicote, Desinvestimento e Sanções) na ação  "Tropicália não combina com apartheid" (saiba mais aqui).

Leia a mensagem do músico:

Ao Editor,

No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol.

Jawhar Nasser Jawhar, 19, e Adam Abd al-Raouf Halabiya, 17, dois jovens e promissores jogadores de futebol, sonhavam em um dia jogar profissionalmente, talvez até defendendo a camisa do país deles. Em 31 de janeiro, enquanto eles caminhavam para casa, saindo de uma sessão de treinamento no Estádio de Faisal al-Husseini em al-Ram, no centro da Cisjordânia, forças israelenses abriram fogo contra eles sem aviso.

Jawhar foi atingido sete vezes em seu pé esquerdo e três vezes no direito. Halabiya foi ferido uma vez em seu pé esquerdo e uma no direito. Médicos no hospital governamental de Ramallah dizem que os dois nunca chutarão uma bola de futebol de novo; na verdade, serão necessários seis meses de tratamento antes que os médicos possam avaliar se eles poderão andar novamente.

Estes dois jovens não foram acusados de nenhum delito, e nenhum inquérito foi aberto sobre as ações dos soldados responsáveis por suas lesões incapacitantes.

Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem.

Roger Waters

7 de junho de 2015, Nova York”