Em nova carta, Roger Waters insiste que Caetano e Gil não toquem em Israel
A organização BDS (“boicote, desinvestimento e sanções”) pressiona Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos. Também promove o abaixo-assinado “Tropicália não combina com apartheid”, contra o show de Gil e Caetano em Israel, que tem mais de 12.486 assinaturas. A meta é 15 mil.
O Instituto da Cultura Árabe divulgou nota de repúdio à decisão dos cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso de realizar a apresentação em Israel. O ICArabe apoia o Comitê Nacional Palestino da BDS (campanha global de Boicote, Desinvestimento e Sanções) na ação "Tropicália não combina com apartheid" (saiba mais aqui).
Leia a mensagem do músico:
“Ao Editor,
No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol.
Jawhar Nasser Jawhar, 19, e Adam Abd al-Raouf Halabiya, 17, dois jovens e promissores jogadores de futebol, sonhavam em um dia jogar profissionalmente, talvez até defendendo a camisa do país deles. Em 31 de janeiro, enquanto eles caminhavam para casa, saindo de uma sessão de treinamento no Estádio de Faisal al-Husseini em al-Ram, no centro da Cisjordânia, forças israelenses abriram fogo contra eles sem aviso.
Jawhar foi atingido sete vezes em seu pé esquerdo e três vezes no direito. Halabiya foi ferido uma vez em seu pé esquerdo e uma no direito. Médicos no hospital governamental de Ramallah dizem que os dois nunca chutarão uma bola de futebol de novo; na verdade, serão necessários seis meses de tratamento antes que os médicos possam avaliar se eles poderão andar novamente.
Estes dois jovens não foram acusados de nenhum delito, e nenhum inquérito foi aberto sobre as ações dos soldados responsáveis por suas lesões incapacitantes.
Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem.
Roger Waters
7 de junho de 2015, Nova York”