Contam que...

Sáb, 03/06/2006 - 00:00
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"Havia um rei muito poderoso que tinha tudo na vida, mas vivia inquieto, confuso. Resolveu então consultar os sábios do reino. Disse-lhes: - Não sei por que, sinto-me estranho, sempre; falta-me paz de espírito. É uma contradição, mas, quando estou alegre, sinto lá no fundo que falta alguma coisa. E sempre me desespero quando fico triste, como se o mundo fosse acabar amanhã. Não estou me entendendo... Os sábios resolveram dar um anel ao rei, desde que ele aceitasse certas condições. Debaixo do anel havia uma mensagem, mas o rei só poderia abrir o anel quando estivesse passando por um momento intolerável. Se abrisse apenas por curiosidade, a mensagem não faria sentido. Quando tudo estivesse perdido, a confusão fosse total, com todas as saídas fechadas e nada mais pudesse ser feito, aí o rei deveria abrir o anel. Ele jurou a si mesmo que seguiria o conselho. Um dia o país entrou em guerra e perdeu. Houve vários momentos em que a situação ficou terrível, mas o rei não abriu o anel por que ainda não era o fim. O reino estava arrasado, mas, quem sabe, poderia recuperá-lo. Fugiu do palácio para se salvar. O inimigo o seguiu, mas ele cavalgou até perder os companheiros e o cavalo. Seguiu a pé, sozinho. Os inimigos sempre no seu encalço, tão perto que se podia ouvir o resfolegar dos animais. Os pés sangravam, mas ele tinha de continuar a correr. O inimigo foi-se aproximando e o rei, quase desmaiado, chegou à beira de um precipício. Os gritos de guerra cada vez mais perto, não há saída, mas ele ainda pensa: "Estou vivo, talvez eles mudem de direção, a condição para abrir o anel não está preenchida". O rei olha para o abismo lá embaixo e só vê grupos de leões, rugindo. É, realmente, o fim. Os inimigos chegam a apenas alguns metros, e então o rei abre o anel e lê a mensagem: 'Isto também passará.' Ele relaxa, imediatamente. 'Isto também passará' . De uma forma natural, sem que o rei entendesse bem o motivo, o inimigo, apesar de tão próximo, não conseguiu vê-lo e desistiu de procurá-lo. Ele voltou para casa, pensativo. Tempos depois, reuniu seus exércitos e reconquistou seu próprio país. Houve grande festa, o povo dançou nas ruas e o rei, emocionado, chorou de tanta alegria. Mas aí lembrou-se novamente do anel e da mensagem: 'Isto também passará' . Mais uma vez relaxou e foi assim que obteve a Sabedoria e a Paz de Espírito."