Instituto do diálogo árabe-brasileiro
Caro(a)s Amigo(a)s:
Por uma dessas felizes coincidências históricas, temos o imenso prazer e a honra de lhe oferecer o site e o correio eletrônico do Instituto da Cultura Árabe (Icarabe), justamente quando acaba de se encerrar, em Brasília, a primeira reunião de cúpula entre a América do Sul e os países árabes, patrocinada e organizada pelo Brasil. O objetivo principal do encontro, segundo os seus protagonistas – promover um contato entre culturas que, embora fisicamente distantes, têm muito a dizer umas às outras – constitui, também, a grande ambição do Icarabe, guardadas as devidas proporções e distinções quanto à natureza das organizações envolvidas.
Promover o diálogo é uma meta ambiciosa nos dias de hoje, dominados por uma conjuntura política internacional extremamente tensa, repleta de equívocos, preconceitos e ódios fabricados por motivações políticas. Um pequeno exemplo disso: enquanto acontecia o encontro de Brasília, no Afeganistão dezesseis pessoas morriam, dezenas eram feridas e centenas detidas por realizarem manifestações de repúdio à dessacralização do Corão (livro sagrado do Islã), praticada por soldados estadunidenses na base militar de Guantánamo.
Somos uma organização não-religiosa e não-partidária, que, em nome do diálogo, defende a mais irrestrita liberdade de culto e de filiação ideológica, assim como abomina qualquer tentativa de tolher, por quaisquer meios, a livre manifestação das idéias e dos mais diversos pontos de vista.
Em síntese, nossos princípios são os mesmos encarnados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 para, em seguida, ser esmagada pela lógica da Guerra Fria.
Nossa ambição, dizíamos, não é pequena. O Brasil abriga uma imensa comunidade de árabes e descendentes, assim como é o país que tem a maior população negra fora da África (só perde para a Nigéria, em números absolutos). Queremos afirmar a identidade árabe no quadro da diversidade cultural brasileira, mas não no sentido exclusivista: não queremos a separação e a distância, mas, ao contrário, enriquecer o processo de integração, a partir do sólido solo da consciência das origens e das contribuições específicas de uma cultura que se orgulha por ter participado intensamente da formação deste país.
Caso você aceite receber nossos boletins semanais – e torcemos muito para que o faça -, rapidamente notará que os colaboradores do Icarabe desenvolvem preocupações muito diversas. Alguns são mais ligados ao mundo da política internacional, outros ao da arte e da literatura, outros ainda ao da história. Enfim, os temas serão os mais diversificados; eventualmente, um mesmo tema será tratado segundo percepções distintas ou mesmo opostas. E é ótimo que assim seja. Sem a liberdade de divergir não há diálogo digno desse nome.
Um grande abraço.