A princípio Yusuf b. Tasfin não teria a intenção de invadir o Alandaluz, mas as desavenças entre os príncipes alandaluzes prejudicaram o ataque contra as tropas cristãs e a divisão de forças naquela momento, juntou-se a outras críticas do chefe almorávide. Em 1090, cruzou o Gibraltar e atacou primeiro Granada e Málaga. Havia rumores de que os príncipes dessas cidades levavam uma vida desregrada e cobravam impostos injustos da população para manter o fausto. Mais tarde, os almorávides se enfraqueceriam por erros análogos. As tropas de Alfonso VI contaram com a colaboração de Rodrigo de Bivar, “El Cid”. Ainda que o líder cristão não gostasse do brilho do guerreiro perto de si, a batalha uniria forças indigestas, inesperadas ou convenientes, criando desdobramentos confusos após as vitórias.
Al Mutamid, o rei poeta, lutou e defendeu sua alcazaba até quando pôde. Entregou-se para preservar a família. Sua partida de Sevilha lotou as ribanceiras do Guadalquevir: o soberano se despediu de sua gente injuriada sob o céu aberto de Sevilha e rumou para o Alto Atlas, Agmat, Marrocos. Antes, ao chegar em Tanger, foi recebido pelos poetas locais e os presenteou com o dinheiro que conseguiu esconder nas botas, agora sujas de terra sevilhana, de mar e de sangue. Um poeta de alma é antes de qualquer coisa, cargo ou circunstância, um poeta. O tormento da nova fase de sua vida não lhe tirou a verve e ainda compôs belos poemas no exílio. Ao lembrar de sua vida escreveu:
“Tudo tem seu término marcado, e até
morre a morte como morrem as coisas.
O destino tem cor de camaleão,
Mesmo seu estado fixo é oscilante.
Somos em suas mãos, um jogo de xadrez:
Talvez se perca o rei por causa de um peão”.
(…)
As conquistas almorávides avançaram de Toledo, ao norte, até Valencia, à leste, cidade defendida por “El Cid”. Rodrigo de Bivar governava Valencia temporariamente e tratava os cristãos segundo as leis visigodas e os hispano-árabes conforme as leis corânicas, ainda que a serviço de um líder cristão. Foi assim durante toda sua vida. Lutou e favoreceu o lado que lhe parecia justo.
Teria “El Cid” se comovido com algum poema de al Mutamid?
