Diretora Julia Bacha vem ao Brasil para o lançamento de “Budrus”
Em 26 de outubro último, o ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) promoveu em São Paulo duas atividades de lançamento do longa-metragem “Budrus”, produzido pela Just Vision, sob a direção da cineasta brasileira Julia Bacha. Seguidos de duas exibições do filme, houve uma coletiva de imprensa no Instituto Cervantes, que contou, sobretudo com jornalistas da chamada mídia alternativa, e uma palestra na PUC-SP (Pontifícia Universidade de São Paulo), com a participação do professor de relações internacionais da instituição Reginaldo Nasser.
Em 82 minutos, o documentário retrata a resistência pacífica na pequena aldeia de Budrus contra o muro que vem sendo construído por Israel na Cisjordânia, território palestino ocupado ilegalmente, e que cortaria o vilarejo, anexaria suas terras e destruiria suas oliveiras. Produzido entre 2007 e 2009, o filme ganhou diversos prêmios, entre eles o Prêmio da Liberdade, no Festival de Jerusalém.
As imagens mostram a participação de membros de diversas tendências e partidos políticos locais, bem como ativistas israelenses, durante os protestos não violentos. A presença de mulheres é muito expressiva, assim como de jovens e crianças. As ações ganham visibilidade e uma delegação sul-africana, de militantes que lutaram contra o apartheid naquele país, visita o local e dá seu apoio à luta dos palestinos. Após dez meses de manifestações diárias e repressão cada vez mais intensa das forças de ocupação, Budrus consegue a vitória: o muro não mais passará no meio da aldeia. Segundo a diretora, a primeira versão do projeto do muro confiscaria cerca de 20% das terras palestinas, coincidentemente as mais férteis e bem abastecidas de água, ou seja, mais cobiçadas pelos colonos israelenses. O êxito do movimento em Budrus continua a inspirar outros vilarejos na Cisjordânia. “O movimento começou em 2003 e cresceu muito”, disse a cineasta aos jornalistas, após a exibição do filme.
Apesar de vitorioso, o movimento não ganhou destaque na imprensa comercial e permanece desconhecido de boa parte do público. Segundo Julia Bacha, seis aldeias da região e dois bairros palestinos em Jerusalém já organizaram movimentos de resistência pacífica. “A imprensa só cobre o que envolve violência”, argumentou.
Bacha, que mora nos Estados Unidos e veio ao Brasil lançar o DVD, destacou que o objetivo desse documentário e de outros trabalhos seus na Palestina ocupada é dar visibilidade para as ações de resistência pacífica que vêm acontecendo nas aldeias. Para ela, hoje há um novo termo, em substituição à coexistência, desgastada face a mais longa ocupação da era contemporânea: a “corresistência”. Um caminho para resgatar a histórica convivência entre os diversos povos naquelas terras, com direitos humanos fundamentais iguais para todos. Atuando pelo viés cultural, Bacha aposta na linguagem do cinema para auxiliar na construção de pontes rumo a essa direção e na derrubada de muros.Julia Bacha, Soraya Smaili e Reginaldo Nasser. Crédito Aline Baker
Em 82 minutos, o documentário retrata a resistência pacífica na pequena aldeia de Budrus contra o muro que vem sendo construído por Israel na Cisjordânia, território palestino ocupado ilegalmente, e que cortaria o vilarejo, anexaria suas terras e destruiria suas oliveiras. Produzido entre 2007 e 2009, o filme ganhou diversos prêmios, entre eles o Prêmio da Liberdade, no Festival de Jerusalém.
As imagens mostram a participação de membros de diversas tendências e partidos políticos locais, bem como ativistas israelenses, durante os protestos não violentos. A presença de mulheres é muito expressiva, assim como de jovens e crianças. As ações ganham visibilidade e uma delegação sul-africana, de militantes que lutaram contra o apartheid naquele país, visita o local e dá seu apoio à luta dos palestinos. Após dez meses de manifestações diárias e repressão cada vez mais intensa das forças de ocupação, Budrus consegue a vitória: o muro não mais passará no meio da aldeia. Segundo a diretora, a primeira versão do projeto do muro confiscaria cerca de 20% das terras palestinas, coincidentemente as mais férteis e bem abastecidas de água, ou seja, mais cobiçadas pelos colonos israelenses. O êxito do movimento em Budrus continua a inspirar outros vilarejos na Cisjordânia. “O movimento começou em 2003 e cresceu muito”, disse a cineasta aos jornalistas, após a exibição do filme.
Apesar de vitorioso, o movimento não ganhou destaque na imprensa comercial e permanece desconhecido de boa parte do público. Segundo Julia Bacha, seis aldeias da região e dois bairros palestinos em Jerusalém já organizaram movimentos de resistência pacífica. “A imprensa só cobre o que envolve violência”, argumentou.
Bacha, que mora nos Estados Unidos e veio ao Brasil lançar o DVD, destacou que o objetivo desse documentário e de outros trabalhos seus na Palestina ocupada é dar visibilidade para as ações de resistência pacífica que vêm acontecendo nas aldeias. Para ela, hoje há um novo termo, em substituição à coexistência, desgastada face a mais longa ocupação da era contemporânea: a “corresistência”. Um caminho para resgatar a histórica convivência entre os diversos povos naquelas terras, com direitos humanos fundamentais iguais para todos. Atuando pelo viés cultural, Bacha aposta na linguagem do cinema para auxiliar na construção de pontes rumo a essa direção e na derrubada de muros.Julia Bacha, Soraya Smaili e Reginaldo Nasser. Crédito Aline Baker