O Instituto da Cultura Árabe promoveu, neste domingo, 4 de setembro, o bate-papo online com o diretor Ameer Fakhr Al Din, do filme “O Estrangeiro”, como parte da programação da 17ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, em cartaz até quarta-feira, 7 de setembro, no CineSesc, em São Paulo. O filme “O Estrangeiro” pode ser visto no CineSesc nesta terça-feira, às 18h (saiba mais sobre a Mostra aqui https://icarabe.org/node/4212).
O roteirista Gil Rodrigues foi o moderador do debate online, que teve participação de Salem Nasser, professor de Direito Internacional na FGV, Ivonete Pinto, crítica de cinema, e Marco Lucchesi, escritor e poeta, que participou com vídeo gravado (assista no canal do ICArabe do Youtube – clique aqui).
A história de “O Estrangeiro” se passa em uma pequena vila nas Colinas de Golã ocupadas, onde um médico sem licença, que está passando por uma crise existencial, encontra-se desesperado. Sua vida toma outro rumo quando ele encontra um homem ferido na guerra na Síria. Superando todas as expectativas da comunidade em tempos de guerra e crise nacional, ele se aventura para cumprir seu destino recém-encontrado.
“Eu acredito nesse diálogo entre os filmes e os espectadores”, disse o diretor Ameer Fakhr al Din, após ser questionado sobre alguns possíveis sentidos, afirmando que não gosta de impor suas opiniões. “O mais lindo dessa forma de arte, assim como todas as formas de arte, é quando os espectadores se sentem responsáveis por reconstruir aquela experiência e é isso que amo nessa linguagem de arte. Eu respeito muito a opinião e inteligência dos espectadores, eu não gosto de forçar exatamente o que significa as coisas, mas gosto de garantir que elas tenham um horizonte, algo que seja palpável de forma visual para todos que estão assistindo possam passar pela experiência do filme e se sentirem responsáveis pelo seu significado. As análises que as pessoas fazem do filme são lindas de escutar, é muito sensível, porque fazem eu pensar em coisas que nem pensei.”
O poeta Marco Lucchesi participou do bate-papo com um depoimento gravado. Ele é professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras. “Estou muito impactado, muito impressionado depois de ver o filme Al Garib, O estrangeiro”, afirmou. “É de uma beleza contundente, uma poética que organiza esse espaço desse viver à sombra, viver na sombra, viver transpassado pela sombra, buscando ainda que possível com as tintas típicas de Caravaggio um princípio de luz que emerja desse fundo belissimamente escuro, desafiador, que atravessa de ponta a ponta o filme”.
Salem Nasser também afirmou ter ficado impactado com o filme. “A primeira frase da mulher dele, quando abre o filme, é ‘Por quanto tempo se pode viver sob a sombra de um outro?’ e há várias camadas possíveis para essa fala, ela poderia considerar que ela vive sob a sombra do marido, que ela e o marido viviam sob a sombra dos pais, mas também todos vivem sob a sombra da ocupação israelense, durante toda a vida dele”.
Ivonete Pinto, crítica de cinema, conta que o que chamou sua atenção no filme de Ameer foi o rigor formal, tanto na fotografia, quanto na montagem. “Na fotografia, esses enquadramentos muito rigorosos, que fazem uma moldura bastante interessante”, explica. Sobre a montagem, ela destaca a velocidade dos planos, em um filme que se propõe a ser mais lento. “A gente tem planos realmente mais longos, que se prestam a uma coisa que o cinema tem perdido, que é o tempo; propor uma possibilidade de reflexão, por parte do espectador, para que ele possa pensar no que ele está vendo”.
O diretor conta que escolheu esse tipo de abordagem para “poder imitar a jornada psicológica desse personagem, é o ponto de vista dele e eu não queria mostrar uma história que usasse regras de roteiros”.
“Eu quis criar algo que fosse mais próximo da Odisseia, ou uma ode aos sentimentos mesmo, e destacar alguns sentimentos específicos”
Sorteio:
Ao final do bate-papo o ICArabe sorteou o livro “Da presença da ausência”, de Mahmud Darwich, com tradução de Marco Calil, uma cortesia da Editora Tabla, parceira nesta edição da Mostra. O ganhador foi Max Dickmann.
Mostra Mundo Árabe de Cinema: até 7 de setembro
A Mostra Mundo Árabe de Cinema, que é sucesso de público e crítica, se consolidou no calendário cultural de São Paulo. Nesta edição, volta ao seu formato presencial e fica em cartaz até 7 de setembro, na sala do CineSesc e na plataforma Sesc Digital https://sesc.digital/colecao/cinema-em-casa-com-sesc
Programação completa aqui: https://mundoarabe2022.icarabe.org/
A Mostra tem realização do ICArabe (Instituto de Cultura Árabe), correalização do Sesc São Paulo e patrocínio da Casa Árabe, o centro cultural da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, e do Instituto do Sono.
E tem apoio da Editora Tabla, Unifesp|Cátedra Edward Said de Estudos da Contemporaneidade|Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, CineFértil.
