Cátedra Edward Said inicia ciclo de debates “O Estranho e o Estrangeiro”

Ter, 29/03/2016 - 20:40
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A Cátedra Edward Saïd: Estudos da Contemporaneidade, parceria entre a Unifesp –Universidade Federal de São Paulo e o Instituto da Cultura Árabe, abriu, na última segunda-feira (28), o Ciclo de Debates “O Estranho e o Estrangeiro”. O debate de abertura teve a coordenadora da cátedra e professora doutora da Unifesp, Olgária Matos, que falou sobre a língua no pensamento do filósofo franco-argelino Jacques Derrida, além das participações da reitora da universidade, Soraya Smaili, da primeira-dama de São Paulo, Ana Estela Haddad, e Rosana Fiorini Puccini, diretora acadêmica do Campus São Paulo.

 “A língua é um lugar de pertencimento e de proteção afetiva”, refletiu Olgária Matos. Segundo ela, o pensamento de Derrida colocava a língua como uma identidade do povo e relacionada à religião. “Nós temos de nos apropriar de uma língua para que ela seja nossa. Para os judeus, qual língua seria falada no paraíso? O hebraico. E para os gregos? O grego. A língua também opera com um sinal de hospitalidade tendo Derrida aceitado o francês, que não era sua língua materna.”

“Derrida tem uma relação muito forte com Said”, afirmou a reitora Soraya Smaili. “Ele bebeu dessas fontes. Devemos conhecer esses trabalhos, principalmente em relação à exclusão do outro. Derruba esses conceitos de nacionalismo que devemos desconstruir”, afirmou a reitora, que é uma das fundadoras do ICArabe, criado como inspiração no pensamento de Said, intelectual palestino autor do livro “Orientalismo”.

A primeira dama Ana Estela Haddad elogiou a iniciativa. “Venho a acompanhando de perto desde o ano passado", disse, sobre o seminário “Diálogo de Civilizações”, realizado em novembro com o apoio da Prefeitura.

O primeiro evento do Ciclo de Debates contou também com uma apresentação ao vivo de música árabe dos músicos Claudio Kairouz e Youssef Brini. Kairouz é o único brasileiro a tocar qanoun, um instrumento de cordas originário da Pérsia. Brini é um violinista tunisiano que está visitando o Brasil.

Próximo debate: 25/4/2016

Convidado: Mamede Mustafa Jarouche. O professor de Literatura Árabe da Universidade de São Paulo abordará os relatos do primeiro tradutor do livro 1001 Noites a uma língua ocidental, o francês Antoine Galland, que em seus diários conta ter ouvido, em Paris, algumas histórias da boca de um maronita sírio de Alepo chamado Hanna Diap, dentre as quais se destacam a de Aladim e a de Ali Babá. No entanto, Hanna Diab jamais existiu, nas fontes escritas, fora dos diários de Galland, até que, finalmente, seu relato de viagem, composto em árabe, foi encontrado na Biblioteca Apostólica Vaticana. Com base nesse diário, redigido de próprio punho ou ditado a algum escriba, pode-se ter uma ideia da mentalidade desse homem cujas histórias tiveram tanta importância no imaginário ocidental.

Sobre a Cátedra

Parceria entre a Unifesp e o ICArabe, a Cátedra Edward Said foi criada há cerca de dois anos para promover o debate de questões contemporâneas do mundo árabe. Será lançado em breve pela Unifesp um site com as cátedras existentes na universidade.

Interessados em participar da cátedra e do seu grupo de estudo podem entrar em contato pelo e-mail isasomma@hotmail.com ou pela página “Cátedra Edward W. Said - Unifesp” no Facebook