Doações de brasileiros vão equipar centro de saúde para refugiados palestinos
Durante a cerimônia de encerramento, realizada na quinta-feira, dia 12, na sede da Câmara Árabe, em São Paulo, o comissário-geral da UNRWA, o italiano Filippo Grandi, recebeu um cheque simbólico do presidente da entidade, Marcelo Sallum, com o valor arrecadado.
A expectativa é beneficiar cerca de 72 mil pessoas e outras ações estão previstas para o próximo ano. Grandi afirmou que o arrecadado será destinado ao tratamento de doenças como câncer e diabetes, bem como para assistência de saúde a mulheres grávidas. “Para os refugiados, a doação tem o valor simbólico da solidariedade que se transmite a eles, que se sentem esquecidos e marginalizados pela comunidade internacional. Isso mostrará que eles não foram esquecidos e acredito que outras campanhas serão realizadas”, disse. Grandi deve discutir com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, em Brasília, uma doação do governo brasileiro à UNRWA.
Segundo o comissário, o orçamento anual da agência das Nações Unidas é de US$ 1,2 bilhão, dos quais US$ 600 milhões são empregados no funcionamento das principais atividades da instituição, como educação e saúde. A outra parte do orçamento é destinada à infraestrutura da organização. Há cinco milhões de refugiados palestinos distribuídos em cinco territórios: Faixa de Gaza, Cisjordânia, Síria, Líbano e Jordânia. Segundo Grandi, 500 mil crianças estavam matriculadas nas escolas administradas pela UNRWA em 2012 e 3 milhões de palestinos foram atendidos nas mais de cem clínicas do órgão. A UNRWA não administra hospitais, mas tem contratos de serviço com eles.
Continuidade
O vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Riad Younes, afirmou que há outras campanhas previstas. “Foi a primeira campanha do tipo que a Câmara Árabe fez com a UNRWA. Foi um sucesso. Foi uma das maiores arrecadações do mundo já obtidas pela UNRWA sem que fosse feita por governos. Em 2014, iremos fazer uma campanha no primeiro semestre e outra no segundo”, disse. Ainda de acordo com Younes, todas as doações foram feitas por pessoas físicas.
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, definiu a arrecadação como “fantástica” e observou que fazer a campanha com a UNRWA garante aos doadores que o dinheiro cedido será destinado aos refugiados. “Foi muito positivo. Por ser a primeira campanha do tipo que realizamos, foi muito boa. Demonstra que é possível fazer. Em menos de três meses e com a nossa divulgação, conseguimos ter doadores. Ter a UNRWA por trás deste projeto dá a segurança de que os recursos chegarão corretamente aos que necessitam”, disse.
Da cerimônia de entrega das doações participou também o vice-presidente da área de saúde da UNRWA, o médico pediatra sírio Taysser Sabbagh. Ele afirmou que a agência tem buscado nos últimos anos desenvolver um prontuário médico eletrônico dos pacientes. É uma forma de saber que tipos de doenças são mais comuns entre os palestinos e como tratá-las de forma mais eficiente.
Depoimento
Em depoimento durante a cerimônia, o médico afirmou que recebeu apoio da UNRWA quando era criança em Damasco, na Síria. “Recebi vacina de varíola e, quando estava na escola da UNRWA, recebi todas as outras vacinas necessárias. Mais tarde, fui diagnosticado com diabetes tipo um. Em consequência dela tive doença coronária e fui tratado pela UNRWA.
Mesmo quando estive na faculdade, nunca me faltaram meios para estudar e crescer”, disse. Ele afirmou que os recursos arrecadados pela campanha da Câmara Árabe e da UNRWA serão utilizados também para o desenvolvimento do prontuário eletrônico e para o tratamento de diabetes.
Doações para a campanha de saúde podem continuar sendo feitas via cartão de crédito, por meio do site da UNRWA no Brasil: http://UNRWA.org.br. A UNRWA provém 135 centros de saúde no Oriente Médio, com uma equipe de cinco mil médicos e enfermeiras. Em 2011, quase 100 mil mulheres fizeram parto nas clínicas da ONU. Outro ponto destacado é a nova migração de refugiados palestinos que vivem na Síria que estão fugindo da guerra civil. Antes mesmo do conflito, 530 mil refugiados já se encontravam nesse país. Com o agravamento da guerra, 60 mil já deixaram a Síria, 50 mil dos quais em direção ao Líbano.