Um pouco mais de Líbano
Justifica-se a previsão de esperança para o Líbano.
O Cardeal Nasrallah Boutros Sfeir, líder espiritual dos maronitas, elaborou uma lista de presidenciáveis e advertiu para a urgência da realização das eleições “antes que seja tarde demais”, mas a maioria que governa o Líbano não se emocionou.
O líder da oposição Michel Aoun propôs a retirada de sua candidatura à presidência à condição de que o líder da maioria, o sunita Saad Hariri, também retirasse a sua à presidência do Conselho de Ministros e indicasse outro candidato. A proposta caiu em ouvidos moucos.
Finalmente, parece que o governo ilegítimo que toca os assuntos do dia-a-dia do Líbano releu a Ordem do Dia do Chefe das Armadas, durante as comemorações do Dia da Independência quando convocou a sua tropa, qualificando-a de “um exemplo de unidade nacional” para que prestasse “atenção ao que se desenrola em volta da Constituição, de tratativas e contradições que quase dividem o país em farrapos” e, só aí começaram a cair na realidade.
Outra importantíssima advertência veio do Movimento Amal, chefiado por Nabih Berri, presidente do Parlamento, dirigindo-se publicamente a Jeffrey Feltman, afirmando que ele estava se comportando “como se fosse o Alto Comissário dos Estados Unidos no Líbano” e advertindo-o para que deixasse de “violar as regras da diplomacia” e o recado da oposição foi ouvido.
Em uma reviravolta de 180º a maioria governamental lançou a candidatura de Michel Suleiman, o chefe das Forças Armadas Libanesas, mesmo sendo necessário alterar a Constituição (que não permite a eleição para a presidência de alguém que esteja no exercício de cargo de primeiro escalão).
Michel Suleiman é homem íntegro e cumpridor de seus deveres e, na realidade, ninguém tem nada contra ele, muito pelo contrário. Ao enviar as tropas para o sul do Líbano, ele o fez se entendendo com o Hizbullah e a cooperação continua. A Síria o tem em boa conta. Os Estados Unidos parecem ter entendido o recado do Amal e do Exército libanês e estão recuando em todas as frentes: com a reunião de Annapolis da qual participou a Síria; com a publicação recente do relatório afirmando que o Irã abandonou suas atividades nucleares em 2003; fechando os olhos para a admissão deste país no Conselho de Cooperação do Golfo que reúne os países árabes do Golfo Arábico, todos aliados dos Estados Unidos; com as guerras que estão perdendo no Afeganistão e Iraque; e, acima de tudo, com o recuo do governo israelense desdizendo tudo o que afirmara na reunião de cúpula, enquanto o lado árabe continua firme.
Diante do apoio, vindo de todas as partes, à candidatura de Michel Suleiman, o presidente do Parlamento Nabih Berri que havia adiado a reunião eleitoral pela sexta vez, declarou ter a chave para abrir as portas do Parlamento no dia 7 deste dezembro e uma fórmula para não necessitar alterar a Constituição e eleger Michel Suleiman.
Inshallah.