Crianças sírias contam como estão se adaptando à vida no Brasil
Deixar seu país em meio a um conflito, perder a casa, a escola, os amigos, às vezes até mesmo os parentes mais próximos, viver em condições desumanas e incertas. Milhões de pessoas passam por isso no mundo. Se para os adultos é uma situação limite, como enfrentar tudo isso sendo criança?
Muitos desses pequenos buscaram no Brasil um local para recomeçar. Vieram com suas famílias para um país de língua e costumes diferentes e aos poucos vão se adaptando e reconstruindo suas vidas. Geralmente aprendem a língua com mais facilidade e até ajudam os pais na comunicação do dia a dia.
O ICArabe conversou com algumas dessas crianças para saber como tem sido a adaptação no país. A reportagem visitou a Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, na Mesquita do Pari, em, São Paulo, e conheceu crianças sírias que relataram suas experiências. Meninos e meninas entre 6 e 12 anos contaram sobre as lembranças do país de origem, as dificuldades que encontraram e como estão vivendo em sua nova terra.
Acompanhada de sua mãe, a garota Shahad, 12 anos, contou sobre o que a família passou desde que saiu da Síria até chegar ao Brasil. “Vim para o Brasil para fugir da guerra. Sinto falta do meu país, mas estou feliz, adaptada e aprendi o idioma", afirma.
Khaled, de 11 anos, diz em bom português que a maior dificuldade da família ao chegar foi para alugar uma casa. Mas a adaptação à escola foi fácil e fazer amigos também. “Tive facilidade para aprender o idioma”, conta.
Limar, uma menina de 6 anos, também guarda lembranças dos dias difíceis devido à guerra. “Estou há três anos aqui. O mais difícil foi para aprender a escrever e falar português.”
Segundo o Acnur, a agência da ONU para refugiados, em 2016, 3,2 milhões de pessoas deixaram seus locais de residência devido a conflitos ou perseguições. Destes, 1,5 milhão são refugiadas ou solicitantes de refúgio. O número total de refugiados sob o mandato do Acnur são 16,5 milhões, dos quais 5,3 milhões são sírios.
No Brasil, 9.552 pessoas, de 82 nacionalidades distintas, já tiveram sua condição de refugiadas reconhecida. Dessas, 713 chegaram ao Brasil por meio de reassentamento e a 317 foram estendidos os efeitos da condição de refugiado de algum familiar. A Síria está entre os cinco países com maior número de solicitações de refúgio, ao lado de Venezuela, Cuba, Angola e Haiti. Desde o início do conflito na Síria, 3.772 nacionais daquele país solicitaram refúgio no Brasil.
É o caso da pequena Limar e de sua família, que como outros sírios, adotaram o Brasil como lar. “Sinto saudade da Síria, mas lá tem muita guerra. Estou feliz aqui, estou na escola e fiz novos amigos.”
Conheça o documento Refúgio em números: acesse aqui
Foto: crianças em campo de refugiados