A felicidade é árabe
Confesso que são poucos os filmes que me tocam nessa maratona olímpica de trabalho em que estou imerso durante os Jogos no Brasil. Não era para menos, a produção da Mostra Mundo Árabe de Cinema também tem fuso horário árabe. Haja madrugada...
Nada que um súbito acorde de Tom Jobim no meio de um curta-metragem libanês não pudesse mudar. Qual era a música: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim...”, já reconheceu? “A Felicidade” é uma das músicas que compõem a trilha sonora do filme “Orfeu Negro”, de Marcel Camus, realizado nos anos 1950 e que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e rodou o mundo. Chegou até o Japão e sua trilha sonora foi uma das responsáveis por tornar o país um dos maiores mercados para a música brasileira no mundo.
Nesse caminho até o Japão, houve algumas escalas no Mundo Árabe, uma delas no Líbano, que desaguou no filme “Appel” (Apelo) de Bechara Mouzannar. O filme começa dentro de um táxi, com um libanês chegando no Rio de Janeiro e sendo amedrontado logo de cara pelo motorista boa praça que fala um inglês do nível “Monsieur have money pra manjar”, daquele outro gênio da nossa música brasileira. No caminho, os dois trocam referências comuns sobre seu países, “o Líbano é TU TU TU TU”, diz o taxista brasileiro simulando sons de tiros, e o passageiro libanês devolve: “conheço bem o Brasil, assisti “Tropa de Elite 1 e 2”, “Cidade de Deus” e “Pixote”. Será que se trata de mais um turista que carrega essa imagem tão comum do Brasil?
Durante o filme, a imagem do Brasil violento não para de ser reforçada ao turista libanês e quase confirmada durante uma situação limite que muitos temem no Rio de Janeiro. Aí que surge a música do Maestro Soberano para mudar o curso do filme, como mudou o curso da música brasileira.
Vale a pena conferir para saber como tudo isso acontece “Por um momento de sonho / Pra fazer a fantasia”.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=FfkY8kD8KEc
Nunca é demais escutar: https://www.youtube.com/watch?v=MCPjp4qTmsM