Michel Sleiman analisa a poesia árabe no Ciclo de Conversas do ICArabe

Qui, 23/06/2016 - 10:55
Abordando a poesia árabe e suas traduções, o tradutor, professor da pós-graduação do USP (Universidade de São Paulo) e ex-presidente do ICArabe, Michel Sleiman,  proferiu palestra na última terça-feira (21), na Livraria Martins Fontes da Av. Paulista, em São Paulo. Ele substituiu a professora e tradutora Safa Jubran no quarto encontro do “Ciclo de Conversas sobre Cultura Árabe”, realizado pelo Instituto em parceria com a livraria. Uma nova data será marcada para a estudiosa no mês de agosto.

Sleiman leu poesias árabes, convidou o público a ler alguns poemas e promoveu o debate sobre os seus significados culturais e históricos. “Há uma referência no meio às muachahâts e ao vinho. A muachahât é uma poesia cantada que invoca o vinho e a mulher amada, sendo o vinho o condutor do amor”, explicou o tradutor. A colocação foi feita após a leitura de trecho da poesia “Onde astros incidindo na última cena andaluzina” do palestino Mahmoud Darwish: “Entrem, senhores conquistadores, entrem nas nossas casas, bebam do vinho/das nossas doces “muachahát”. Seremos a noite e, finda a meia-noite,/já não haverá mais auroras levadas em dorso de cavalo, ouvido o último muezim.”

Outra poesia comentada foi do livro “Poemas”, do sírio Adonis, que, segundo o tradutor, expressava ao mesmo tempo o amor sob a perspectiva do cristianismo e também do islamismo, mostrando a influência de Maria na religião islâmica. Sleiman também falou sobre como é possível observar as particularidades da língua árabe nas poesias, mesmo depois de traduzidas. “Quanto o crente lê essas palestras, ele enfatiza as vibrações. É um efeito escondido da língua árabe”, disse após ler trecho do Alcorão. 

Em entrevista ao site do ICArabe, o tradutor explicou que apesar da característica da língua ainda assim é difícil hoje distinguir a poesia árabe e as mais conhecida pelos brasileiros. “Se você traduz um poema árabe para o Brasil e um poema brasileiro para o árabe, você não percebe a diferença, estamos em um mundo globalizado”, afirmou.

Segundo o especialista, a literatura árabe no final do século XIX seguiu as tendências de, ou imitar a literatura europeia ou resgatar a literatura árabe clássica. As duas vertentes acabaram por desaparecer na década de 1950 com o Modernismo.

O Ciclo tem coordenação de Heloisa Abreu Dib Julien, secretária geral do ICArabe, com apoio de Yasmin Fahs, Natalia Nahas Carneiro Maia Calfat e Jamile Abou Nouh, membros da Diretoria do Instituto.

 

Confira as próximas palestras do Ciclo:

 

18/07, segunda-feira, das 19h30 às 21h30

Cinema Árabe na atualidade - Geraldo Adriano Godoy de Campos

 

22/07, sexta-feira, das 19h30 às 21h30

O véu e o conflito da visibilidade - Plinio Freire

 

A palestra de Safa Jubran, que deveria ter ocorrido nesta terça-feira, será realizada em agosto, com data a definir.