Roda de conversa aborda realidade dos campos de refugiados na Cisjordânia ocupada

Ter, 10/03/2015 - 17:30
Uma roda de conversa sobre os campos de refugiados palestinos foi promovida no último sábado, dia 7, como atividade integrante da Exposição “Uma Longa Jornada”, realização da Unrwa com apoio do ICArabe. 

Realizado pela FFIPP-Brasil (Rede Educacional pelos Direitos Humanos em Palestina/Israel), o evento contou com depoimentos de Isadora Tavares, Júlia Tibiriçá, Mariane Gennari e Rafael Levy, que puderam expor suas experiências ao ter contato com o problema dos refugiados palestinos.

Júlia Tibiriçá e Rafael Levy contaram um pouco de sua vivência nos campos de refugiados na Cisjordânia ocupada, o dia a dia das dificuldades trazidas pela ocupação - com incursões constantes do exército israelense - e pelo déficit no provimento dos serviços de agências internacionais. “Muitos desses combates se davam entre crianças palestinas e soldados israelenses, numa `dança´ de pedras e bombas de gás lacrimogênio e, eventualmente, tiros de bala”, relataram.  

Isadora Tavares e Mariane Gennari abordaram o problema dos refugiados internos, os palestinos que permaneceram nos territórios da Palestina histórica que se tornaram o Estado de Israel (ali são conhecidos de árabe-israelenses). Apesar de terem recebido a cidadania israelense, esses palestinos são proibidos de voltar a suas vilas originais. Esses "deslocados internos" lutam nas Cortes israelenses pelo direito de retornarem ao local de suas famílias, mas estão inseridos num jogo onde o aspecto judaico do Estado joga um papel importante na construção de uma sociedade que discrimina e trata de forma diferente os cidadãos judaicos - com privilégios - e não judaicos. 

Os membros da FFIPP puderam ainda problematizar aspectos históricos da questão palestina diretamente relacionados à questão dos refugiados, como uma discussão mais aberta da opinião pública sobre a nakba, e o que deve ser discutido, como a expulsão forçada dos palestinos, a limpeza étnica - se olharmos a legislação e o termos surgidos na Guerra da dissolução da Iugoslávia. 

Por fim, a conclusão de que um processo de resolução da questão palestina deve levar em conta o direito de retorno, uma forma de reconhecimento histórico da injustiça da nakba. Como puderam relatar do que ouviram dos palestinos, os palestrantes expuseram relatos de palestinos de campos de refugiados que querem ter o direito individual de retorno. 

No próximo sábado, 14, acontecerá o debate de encerramento da exposição. Leia mais aqui.

Arturo Hartmann é direitor de Imprensa do ICArabe.