Dîwân dos poetas lendo Adonis emociona plateia na Casa das Rosas
Cerca de 50 pessoas participaram na noite de ontem, 17 de novembro, do “Dîwân dos poetas lendo Adonis”, realizado na Casa das Rosas pelo Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) com o apoio da Universidade de São Paulo, Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Cibal Halal e Ateliê Editorial.
A primeira leitura feita foi “Flor da Alquimia”, por Michel Sleiman, poeta e presidente do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) e Cláudio Daniel, ensaísta, tradutor e editor da revista literária Zunái. Após recitar o poema em árabe, Michel intercalou a tradução em português com seu parceiro de palco.
Em seguida Moacir Amâncio, que é professor e crítico de literatura, jornalista e tradutor, e Michel recitaram em português a série “Estação das Árvores”. Segundo ele, Adonis é um poeta contemporâneo, pois fala de um tema pungente do nosso tempo que é a destruição. Além disso, ele sempre esteve em diálogo com os grandes nomes da poesia do século XX. “Parece que há um desespero, mas não desesperança nas palavras de Adonis. Em meio ao ódio, há ternura e delicadeza, o que torna ainda mais impressionante o apocalipse que ele vai evocar”, diz Moacir.
Por último, Horário Costa, que é arquiteto, professor e crítico de literatura e tradutor, proclamou a série “Tumba para Nova York”. “Este é um poema urbano. Eu sou um poeta urbano e por isso gosto de Adonis e desse poema”, disse ele. De acordo com Hoarácio, a maior parte dos poetas árabes não falam das cidades contemporâneas.
A leitura de poemas foi intercalada com a música de Claudio Kairouz ao seu qânûn. “A fonte da música oriental é a inspiração, dependendo do que se sente em determinado momento, é possível improvisar sobre o tema principal e foi isso que fiz, tentei assimilar o meu sentimento despertado pela poesia, ao som que toquei”, explicou o músico.
Sobre Adonis
Adonis, 80 anos, pseudônimo de Ali Ahmad Said Esber, é nascido na pequena aldeia de Qasabin, na Síria. Em 1957, fundou em Beirute a revista Chi‘r (Poesia), que defendeu, com muito êxito, a renovação da poesia árabe. É autor de vasta obra poética e ensaística, traduzida para diversos idiomas. No Brasil sua poesia está publicada em revistas de literatura e arte. Verteu para o árabe obras da literatura universal, como a de Ovídio, Saint-John Perse e Yves Bonnefoy. Atualmente mora em Paris. Nos últimos anos seu nome tem sido fortemente esperado para o Nobel de Literatura.
“Adonis é a mais importante figura poética do mundo árabe e representante máximo dos chamados ‘poetas tamuzeus’, que revolucionaram a poesia árabe milenar, reinserindo-a nas correntes universais do passado e da contemporaneidade, tanto no campo da literatura como no campo das artes e do pensamento crítico”, explica Michel.
Adonis viria ao Brasil nesse mês de novembro para participar da VI Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), junto a seu tradutor, Michel Sleiman, e o escritor Milton Hatoum. Por problemas de saúde, sua vinda foi adiada.