“O Leão e o Chacal Mergulhador” rende segundo Prêmio Jabuti ao arabista Mamede Mustafá Jarouche
O osasquense Mamede Mustafá Jarouche, professor de Língua e Literatura Árabe na Universidade de São Paulo, foi premiado, em outubro, pela segunda vez, com o Prêmio Jabuti de Melhor Tradução,a mais prestigiosa premiação literária brasileira, outorgada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) por meio de votação por especialistas e também pelo público. Em 2006, Jarouche arrebatara o prêmio pela tradição do "Livro das Mil e Uma Noites", primeira feita diretamente do árabe para a língua portuguesa.
Agora, em 2010, o "Jabuti" veio em reconhecimento pela tradução de "O Leão e o Chacal Mergulhador" de autor anônimo e editado pela Editora Globo, da qual é contratado exclusivo.
Veja também a entrevista com Mamede "Mil e uma noites de pesquisa e tradução"
O professor Mamede é bacharel em Letras (Português e Árabe) pela Universidade de São Paulo (doutor em Letras e Livre-Docente em Literatura Árabe pela mesma universidade. Atualmente é professor efetivo da Universidade de São Paulo, onde leciona desde 1992. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Literatura Árabe, atuando principalmente nos temas do orientalismo, narrativa árabe, cultura árabe, Oriente Médio e tradução do árabe.
"O Leão e o Chacal Mergulhador", segundo a apresentação da Editora Globo, "contém dizeres sapienciais e paradigmas na língua de animais e histórias de reis e vizires e recebeu sua forma final na Bagdá do século XII, constituindo-se numa sedutora mescla de tratado político, livro de etiqueta da corte, crítica de costumes e fábulas sapienciais de animais à la Esopo. Encadeando e desencadeando ensinamentos, sentenças, máximas, provérbios e pequenos contos, trama-se uma narrativa envolvente, cheia de sabor e saber, cujas partes vão se urdindo como as figuras de uma tapeçaria oriental. O trabalho de tradução, a cargo de Mamede Mustafá Jarouche, três vezes premiado por verter do árabe ao português o ‘Livro das mil e uma noites’, alia o máximo respeito às fontes originais a um grande senso literário, e o resultado é uma prosa fluente em nosso idioma que, ao mesmo tempo, transporta o leitor para muito longe, no tempo, no espaço e na imaginação, e quando menos espera, o traz de volta".
O livro conta com prefácio de Olgária Matos, e com posfácio e notas, tanto gerais quanto linguísticas, do próprio tradutor. Este, aliás, acaba de cumprir mais um feito na história do ofício de tradutor no Brasil: é a primeira vez que "O Leão e o Chacal Mergulhador" é traduzido. Até o presente ano, ele só podia ser lido em árabe.
Personagem da literatura infantil de Monteiro Lobato, o jabuti, já familiar no imaginário das culturas indígenas tupi, ganhou vida e personalidade nas fabulações do escritor como uma tartaruga vagarosa, mas obstinada e esperta, cheia de truques para vencer obstáculos, para enganar concorrentes mais bem dotados e chegar na frente ao fim da jornada. Com essas credenciais, ganhou também a simpatia e a preferência dos dirigentes da CBL. Eles o elegeram para inspirar e patrocinar um prêmio para homenagear e promover o livro.