Brasil vota pela primeira vez contra Palestina em Conselho de Direitos Humanos da ONU
Uma das resoluções que foram rejeitadas pela diplomacia brasileira visava reparação judicial por violações e crimes cometidos durante conflitos registrados em 2018, em Gaza
O governo Jair Bolsonaro rompeu a tradição diplomática brasileira e votou contra os palestinos no Conselho de Direitos Humanos da ONU pela primeira vez, ao rejeitar resoluções que condenavam Israel. (clique aqui para ler o texto na íntegra no site do Opera Mundi)
Em matéria publicada pelo portal UOL nesta sexta-feira (22/03), o jornalista Jamil Chade afirma que a decisão foi interpretada dentro do Itamaraty como “uma das maiores mudanças nas diretrizes da política externa em décadas”.
Uma das resoluções que foram rejeitadas pela diplomacia brasileira visava reparação judicial por violações e crimes cometidos durante conflitos registrados em 2018, em Gaza.
O Brasil também rejeitou uma medida que condenava Israel por violações aos direitos humanos na ocupação das Colinas de Golã, e ainda se absteve sobre a questão da “expansão” dos assentamento israelenses em territórios ocupados.
A medida que condena Israel por crimes em Gaza é fruto de uma investigação comandada por organizações internacionais que chegou à conclusão que soldados israelenses assassinaram pelo menos 189 manifestantes palestinos desarmados em 2018.
Em sua conta no Twitter, o chanceler Ernesto Araújo escreveu que "apoiar o tratamento discriminatório contra Israel na ONU era uma tradição da política externa brasileira dos últimos tempos. Estamos rompendo com essa tradição espúria e injusta, assim como estamos rompendo com a tradição do antiamericanismo, do terceiromundismo e tantas outras".
Histórico
A posição da diplomacia brasileira reitera o alinhamento ideológico do presidente Bolsonaro com o governo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, com quem o mandatário do Brasil irá se reunir na próxima semana.
Apenas oito países votaram contra a resolução. Ao lado do governo brasileiro na votação, estiveram tradicionais aliados dos Estados Unidos, como Ucrânia e Austrália, além do governo de extrema-direita de Viktor Orban, da Hungria.
Os documentos com mais de 250 páginas alertavam que as violações podem constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.
Desde 2006, 29 resoluções contra Israel foram votadas no Conselho de Direitos Humanos da ONU – todas com votos favoráveis do governo brasileiro, inclusive na gestão de Michel Temer.