Produções do Sudão, Tunísia, Líbano e Argélia, entre outros países árabes, integram a 49ª Mostra de Cinema de São Paulo. Mas é a Palestina a protagonista dos títulos árabes na programação do evento. Por Redação ANBA – Imagem Pixabay
A 49ª Mostra de Cinema de São Paulo estreou na quinta-feira (16) com 374 filmes em cartaz, de 80 países, entre eles nações árabes. Entre lançamentos e reexibições, a mostra traz ao espectador brasileiros produções premiadas em festivais como Veneza, Berlim e Locarno, além de possíveis concorrentes ao Oscar de Filme Internacional em 2026. Entre as produções árabes, sejam documentários, sejam ficção ou dramas, são explorados diversos temas, mas a Palestina é a protagonista.
“Palestina 36” (2025), de Annemarie Jacir, retrata a ocupação e a resistência do território já nos anos 1930, enquanto em “Yalla Parkour” (2024), de Areeb Zuaiter, dois jovens confrontam a realidade da Faixa da Gaza em meio às práticas do parkour em prédios destruídos ou abandonados. “Quem ainda está vivo” (2025), de Nicolas Wadimoff, apresenta o relato de nove refugiados que conseguiram deixar a guerra e narram suas histórias antes e durante o conflito.
Os irmãos Arab Nasser e Tarzan Nasser levaram o prêmio de Direção na sessão Um certo olhar do Festival de Cannes deste ano por “Era uma vez em Gaza”, que está na mostra paulistana. O filme retorna a 2007, quando dois amigos decidem vender drogas em meio a entregas de falafel, mas precisam negociar com um policial corrupto. “Com Hasan em Gaza” (2025), de Kamal Aljafari, recupera filmagens que retratam a vida na Faixa de Gaza em 2001 em uma viagem dentro do território conduzida pelo motorista Hasan, cujo paradeiro é desconhecido em decorrência dos últimos dois anos de conflito.
No documentário “Notas sobre um desterro” (2025), o diretor paranaense Gustavo Castro retrata a ocupação palestina com imagens históricas e gravações realizadas em 2018 com uma família palestino-brasileira na Cisjordânia. Em razão do conflito a partir de outubro de 2023, o projeto inicial ganha novos contornos e passa a discutir temas como colonização e apartheid.
Em “Cartum” (2025), a capital do Sudão é a protagonista. Nesta produção, os cineastas sudaneses Anas Saeed, Rawia Alhag, Ibrahim Snoopy, Timeea Mohamed Ahmed e o britânico Phil Coex começaram a acompanhar, em 2022, a vida de cinco moradores da cidade. Quando o conflito entre forças do governo e milícias eclodiu, eles precisaram continuar a produção fora de Cartum. O resultado é a história a realidade de uma das maiores cidades africanas em meio à guerra.
“The president’s cake” (2025), de Hasan Hadi, volta no tempo: em 1990, o presidente do Iraque determina que as escolas do país façam, cada uma, um bolo para comemorar seu aniversário. Uma garota de nove anos é escolhida para a tarefa pelos seus colegas e precisa superar as limitações de comida para encontrar os ingredientes necessários para a celebração. Foi vencedor do prêmio Caméra d’Or para Melhor Filme de Diretor Estreante em Cannes.
Em “Cão morto” (2025), Sarah Francis explora a retomada temporária de um casamento entre Ainda e Walid após muitos anos vivendo fora de seu país, o Líbano. O amor é o tema central em “Um mundo triste e belo”, de Cyril Aris. Os conflitos que atingem o Líbano colocam em teste 30 anos de história entre Nino e Yasmina e os desafios em construir uma vida em meio a tantos desafios.
De Amel Guellaty, “De onde vem o vento” (2025), dois amigos se aventuram em uma jornada de Túnis, a capital tunisiana, até a ilha de Djerba, para participarem de um concurso de arte e encontrarem, talvez, uma nova vida longe da periferia de uma grande cidade.
Entre os cotados a disputar uma vaga no Oscar estão “Um mundo triste e belo”, “Palestina 36”, “Era uma vez em Gaza”, “The president’s cake” e o egípcio “Feliz Aniversário” (2025), de Sarah Goher. A história retrata os conflitos entre classes sociais quando uma garota de oito anos, que trabalha na casa de uma família rica, decide fazer uma festa de aniversário para sua melhor amiga: a filha dos patrões. “Yalla Parkour”, “The president’s cake” e “De onde vem o vento” também integram a competição “Novos Diretores”. Os melhores filmes destes cineastas são escolhidos pelo público e, depois, submetidos ao júri.
Entre as reexibições, o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1975 “Crônica dos anos de fogo” retrata os movimentos entre 1939 e 1954 que levaram à libertação da Argélia. A mostra apresenta, ainda, outras produções cinematográficas de países árabes. A programação completa está disponível aqui.
