Islamofobia é o preconceito, o medo ou a hostilidade contra o islã e contra as pessoas muçulmanas. Embora o termo tenha surgido na França nos anos 1920, esse tipo de discriminação tem raízes históricas mais antigas. Desde o surgimento do islã, no século VII, e ao longo da Idade Média, muçulmanos foram retratados por alguns grupos de cristãos europeus como inimigos religiosos ou pessoas sem fé. Essas imagens criaram estereótipos duradouros que associam o islã à ameaça e à violência, consolidando uma lógica de alteridade baseada na exclusão.
A islamofobia contemporânea se intensificou após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando o islã passou a ser frequentemente vinculado ao terrorismo e à insegurança global. Suas bases se organizam em torno de três dimensões principais: (1) xenofobia, medo de que muçulmanos alterem ou ameacem culturas locais; (2) intolerância religiosa, especialmente em contextos onde o islã é minoria, alimentada por discursos conservadores e nacionalistas; e (3) racismo, por meio da estigmatização de marcadores visuais e culturais islâmicos, como o uso do véu, a barba ou nomes árabes.
No Brasil, o I Relatório sobre Islamofobia, lançado em 2022 pelo GRACIAS/USP, revelou que a violência simbólica e física contra muçulmanos é uma realidade invisibilizada, destacando o impacto direto nas experiências cotidianas, especialmente de mulheres muçulmanas.
Referências
BARBOSA, Francirosy Campos; SOUZA, F. F.; LUCAS, I. M.; ROCHA, G. C.; CARLOS, I. H. B.; PAIVA, C. M. I Relatório sobre Islamofobia no Brasil. São Bernardo do Campo: Ambigrama, 2022.
BARBOSA, Francirosy Campos; SOUZA, F. F.; SILVA, Francisco. Cleverson Pereira. II Relatório de Islamofobia no Brasil. Brasil. São Paulo: Religião e Poder, 2023.
BARBOSA, Francirosy Campos; SOUSA, F. Felipe.;. Islamofobia. In: Dicionário das relações étnico-raciais contemporâneas. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2023. v. 1, p. 205-209.
Francirosy Campos Barbosa é antropóloga, livre docente e pesquisadora no Departamento de Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP) e dos programas de pós-graduação em psicologia e antropologia da USP, além de coordenadora do Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (GRACIAS). Tem pós-doutorado pela Universidade de Oxford e é bolsista de produtividade em pesquisa CNPq (PQ-2).
