Uma brasileira apaixonada pelas letras árabes

Sex, 04/04/2014 - 11:21
Quando ingressou na faculdade de jornalismo, pouco antes do 11 de setembro, em 2001, a jornalista brasileira Aurea Santos, que não tem ascendência árabe, viu nascer um interesse pelos assuntos relacionados ao Oriente Médio. “Eu comecei a me interessar em estudar o que era o Islã, a religião e a política da região."

A dica para que Aurea se dedicasse ao idioma árabe veio do jornalista José Arbex, diretor de Imprensa do ICArabe, que entrevistado por ela para o trabalho de conclusão de curso, que teve como tema a editoria internacional do jornal Folha de São Paulo. ”Ele me disse que um dos principais diferenciais para descobrir essa área seria aprender o idioma porque a maioria dos correspondentes que cobriam o Oriente Médio não falava árabe. Assim eu não ficaria dependente de tradutores, que muitas vezes são pagos pelo governo. Já que eu queria cobrir a região, decidi estudar a língua. Achei que poderia me abrir portas”.

A experiência de descoberta da cultura árabe, a dedicação ao aprendizado da língua e  o enriquecimento cultural e profissional serão relatados por Aurea em palestra aos estudantes e ao público em geral na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na próxima quarta-feira, 9 de abril (veja abaixo).

Para a jornalista, um dos maiores desafios para quem quer aprender a língua é a realfabetização. "A gramática é difícil e muito diferente. O estilo de texto é mais rebuscado, não é tão direto como aquele ao qual estamos acostumados”, diz. O mais complicado, de acordo com ela, é o fato de os plurais serem irregulares.  À primeira vista, pode parecer uma coisa simples, mas quando se lê um texto em árabe e não se conhece a palavra no singular não é possível encontrá-la no dicionário e isso acarreta outras dificuldades. “Isto impossibilita um pouco ser autodidata, mais independente”.

De acordo com Aurea, o aprendiz da língua árabe precisa ter muita motivação. “O árabe não é uma língua que se aprende por curiosidade ou porque muitas vezes o curso é de graça.  É uma língua que exige muito tempo, muita dedicação e esforço, mas é gratificante porque é uma língua muito bonita, que dá acesso a uma cultura maravilhosa, linda. A língua de um país conecta de forma rica toda a história e a cultura de seu povo, por isso o aprendizado é recompensador”.

Mais aprendizes

Segundo a Profª Drª Mona Mohamad Hawi, vice-chefe do departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, a procura pelo curso de Habilitação em Árabe tem aumentado a cada ano. Apesar do número de alunos que ingressam não ser o mesmo dos que concluem o curso, há pouca desistência. “No geral, se contarmos apenas a obrigatoriedade da habilitação, temos uma média de 80 alunos, contando do primeiro ao último ano”. A USP oferece também os cursos de mestrado e doutorado na língua árabe.

Mona acredita que esse maior interesse é, em parte, devido aos acontecimentos envolvendo os países árabes nos últimos anos. “Hoje muitos procuram estudar árabe, o Mundo Árabe está mais visível, por motivos políticos, econômicos. Essa ligação é um ponto favorável à procura pelo ensino e ao crescimento do curso.”
 

Serviço:

Palestra sobre o aprendizado da língua árabe com Aurea Santos

Dia 9 de abril, às 11h

Faculdade de Letras da UFRJ - Cidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro

Evento aberto ao público