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Os EUA tinham, entre suas vantagens estratégicas, a distância dos campos de enfrentamento das duas guerras mundiais e a suposta inviolabilidade do seu território. Até que os atentados de 2011 quebraram essa característica e geraram a paranoia, que os EUA exportaram para o mundo.
A partir dali, os EUA desencadearam o que chamaram de “guerra ao terror”, a exportação do terrorismo “preventivo” para todos os territórios que eles considerem de risco para sua integridade. Reivindicaram para si o direito de fazê-lo de forma preventiva, o que elimina qualquer necessidade de provas concretas, porque supõe um risco potencial.
Foram assim as invasões do Afeganistão e do Iraque, esta sem sequer aprovação do Conselho de Segurança da ONU, com acusações que os próprios países invasores – EUA e Inglaterra – confessaram posteriormente não corresponder à realidade.
O projeto norteamericano era reeditar o que fizeram com o Japão – uma civilização tão distante da dos EUA como são as do Iraque e do Afeganistão, que se tornou o maior aliado norteamericano na região. Mas para isso tiveram que atirar duas bombas atômicas, em Hiroshima e em Nagasaki.
A invasão norteamericana era presidida pela ideia de levar a democracia liberal a um mundo considerado “bárbaro”, hostil à civilização – sem se dar conta que se trata das civilizações mais antigas da humanidade. Nada revelou, rapidamente, o caráter das invasões, quando os poços de petróleo foram protegidos no Iraque, assim que as tropas desembarcaram, mas os museus e outras relíquias foram saqueadas.
Desde então, uma década não foi suficiente para que a ordem norteamericana reinasse na região. Os atentados e as vítimas aumentam e nenhuma ilusão resta de que qualquer simulacro de democracia liberal pudesse ser imposta.
Mesmo vencedores na guerra fria, os EUA são incapazes de estabilizar a ordem mundial. Desde o fim da bipolaridade mundial, há mais guerras e menos paz no mundo. Os EUA se revelaram incapazes de participar de duas guerras simultaneamente, apesar da imensa superioridade militar.
O mundo, 11 anos depois do 11 de setembro de 2001, é um lugar menos seguro, mais instável, dominado pelas turbulências, econômicas e militares, e deve seguir assim por um bom tempo, até que novas forças possam impor um mundo multipolar, de paz e de conflitos negociados politicamente.
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